quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Perdidos e Achaudios: ... FELIZ NATAUDIO!

Feliz Nataudio... aliás... Natal, cheio de prendas audiófilas e melómenas, são os desejos do ViciAudio para todos os que acompanham este blog (e os outros também vá). Aproveito para deixar esta "mensagem" natalícia cheia de esperança e espírito de solidariedade. Um verdadeiro "mimo" musical que justifica fazer uma pausa para ver e ouvir... já a pensar em 2010. Trata-se de uma "cover" de Stand By Me (Ben E. King) cantada e tocada por artistas de vários pontos do globo, muitos deles artistas "de rua" que são famosos pelo seu talento, numa demonstração de unidade e espírito de entreajuda.


http://www.youtube.com/watch?v=Us-TVg40ExM
http://playingforchange.com/
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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Perdidos e Achaudios: American Beauty

Soltem quatro génios do Jazz num palco... e vejam no que dá. Uma versão enérgica e extremamente dinâmica do clássico Cantaloupe Island de Herbie Hancock, acompanhado por Pat Metheny na guitarra, Dave Holland no contrabaixo e Jack Dejohnette na bateria, ao vivo no Mellon Jazz Festival de 1990 (USA).


Este concerto está disponível em CD com o título "Parallel Realities Live" numa edição da Jazz Door, e em DVD com o título "Dejohnette, Hancock, Holland and Metheny - Live in Concert" que captura com sucesso a energia (e magia) deste concerto. Ambos podem ser encontrados regularmente no Ebay a preços razoáveis.

http://www.youtube.com/watch?v=XrgP1u5YWEg
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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Perdidos e Achaudios: conforto de uma língua desconhecida...

Retirado do DVD Heima, com o nome "ágætis byrjun", dos Sigur Rós. Palavras para quê?


http://www.youtube.com/watch?v=vA123xHvrJo
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ajuda acústica... ainda a "Sala do Terror" e algumas tentativas de a domesticar...




No seguimento dos posts sobre o meu sistema audio (Todos os sistemas audio são únicos...) e sobre a minha sala, como extensão desse mesmo sistema (Uma famosa "Sala do Terror"...), cuja leitura recomendo para melhor se compreender este post que agora escrevo... aqui está, como prometido, uma breve descrição das "ajudas acústicas", pois não lhes chamo tratamentos acústicos, que implementei para tentar domesticar a resposta da sala e a sua forte interacção com o sistema de som, que por vezes se tornava demasiado intrusiva. Para re-ambientar o leitor, aqui fica mais uma vez o gráfico que representa a disposição da sala (mas a leitura dos outros posts que referi é essencial):



A sala não é a culpada de tudo, o "hardware" tem quase sempre muitas culpas no cartório, mas não podemos sequer equacionar a possibilidade de ignorar a sala como um componente essencial e determinante em qualquer sistema, que vai seguramente determinar uma enorme fatia do resultado sonoro final.

Como referi anteriormente, não estamos aqui a falar de um verdadeiro tratamento acústico, que envolve uma rigorosa avaliação da resposta de frequência da sala, através de equipamento de medição adequado, e elaboração de um projecto de correcção acústica que vise alterar essa resposta por forma a torna-la mais próxima do ideal (normalmente, uma resposta plana 20hz-20kHz). Esses projectos normalmente envolvem a re-construção de paredes ou tecto, com materias específicos e de forma a alterar as dimensões da sala para "bater certo" com os modos de ressonância (room modes), ou melhor, para tentar anulá-los retirando-lhes as dimensões físicas que os provocam. Por outro lado, é habitual também aplicar-se materiais de absorção, ou difusão/refracção que, depois desse estudo, são escolhidos com base no seu âmbito de acção nas frequências que interessa alterar.

É certamente possível fazer pequenas alterações bem eficazes tendo como base apenas a nossa audição (um aparelho de medida de altíssima precisão) e conhecimento. No meu caso tentei fazer um correcção acústica que deveria atacar os problemas que, com essa abordagem "simplificada", identifiquei: primeiro a falta de "enchimento" do espaço, porque tinha poucos móveis/estantes, paredes nuas, uma enorme janela, pouquíssimos pontos de absorção..., e em segundo lugar os ecos e reflexões gerados por essas superfícies, já para não falar dos "modos de ressonância" bastante acentuados em certas frequências que a minha sala apresenta (ali por volta dos 50hz, e tabém aos 115hz... etc... que identifiquei usando um disco de avaliação com um "frequency sweep" tone).

Para resolver a maior parte dos problemas de "modos de ressonância" da sala, fiz como descrito nos outros dois posts que referi no início, com bastante sucesso através de uma escolha criteriosa do "hardware" que constitui o sistema de som, e através de um correcto posicionamento das colunas e do ponto de audição. Isto é fundamental e determina à cabeça o sucesso deste processo.

Para o resto, decidi aplicar metodologias simples mas eficazes para ocupar mais espaço e cobrir mais superfícies. Apliquei quadros diversos nas principais paredes, estantes de grandes dimensões... e para afinar utilizei este produto, chamado "Espuma Acústica", tipicamente usado para isolamento e que se compra a baixo preço nas lojas Aki / Leroy Merlin, pode ser bastante útil:


É uma espuma muito densa, compra-se em painéis bastante grandes que podem ser enrolados para facilitar o transporte e cortados à medida para aplicar como desejado. A espessura é cerca de 20mm e tem um efeito bastante eficaz para absorver frequências médias ou até relativamente baixas, permite principalmente cortar ruídos, ecos dentro de "estruturas", ou reflexões directas de superfícies difíceis.Utilizei a espuma para, por exemplo, forrar o espaço livre atrás dos quadros que usei para cobrir duas paredes no canto oposto (ao sistema) da sala, como se vê na foto em baixo (os quadros que cumprem uma função de difusão e refracção das reflexões sonoras naquelas paredes, cumprem assim também alguma absorção, e ficam livres de ressonância interna):


E ainda para preencher o espaço, e dar maior consistência, à parte de trás da enorme tela que coloquei na parede em frente ao sistema, imediatamente atrás do ponto de audição, para "quebrar" as reflexões mais próximas e imediatas, com algum amortecimento e absorção (apesar de pouca), como se pode ver na foto em baixo:


Nas paredes laterais mais próximas, para as tornar mais "invisíveis" acusticamente através da refracção e eliminação de reflexos sonoros, e também para dar arumação aos CD/DVD, montei várias estantes Benno do Ikea, esteticamente simples e baratas, para arrumação de "media", umas ao lado das outras por forma a combrirem a parede completamente. Com a particularidade de ter forrado a zona entre as estantes e as paredes /atrás e dos lados) com a mesma espuma acústica. Para esconder a espuma pode ver-se nas fotos que apliquei umas placas de PVC que tapam esse intervalo e impedem que se espreite lá para dentro:


Já que estava com a "mão na massa", e porque me sobrou um painél de espuma, decidi cortá-lo à medida e colocá-lo atrás do aparador, entre este e a parede de fundo, eliminando mais um intervalo e possível fonte de ruídos parasitas ou ressonâncias. Na foto pode ver-se também um dos 6 tubos de absorção "bass traps" que coloquei na sala, e mais alguns "quadros", neste caso fotos sobre placas em formato esponjoso "K-Line" relativamente grosso para ajudar a esconder aquela parede:


Finalmente, porque surgiu uma oportunidade especial de retoma, optei por adquirir um conjunto de painéis e tubos "bass trap" da marca Jocavi, que encontrei através da Transom, para ajudar a corrigir alguns aspectos da acústica da sala, mas de uma forma mais visível, ou seja, teriam de ser peças estéticamente integradas com a sala. Estes tubos, seis ao todo, que absorvem frequências "médias-baixas", foram colocados um em cada canto da sala, e mais dois sensivelmente ao meio (um atrás de uma coluna, outro ao lado do sofá, ver diagrama). Acabaram por tornar-se também úteis como suportes, de colunas de surround e de velas. Os painéis (também 6 ao todo) foram usados para tentar minimizar os efeitos da parede atrás do sistema de som, que normalmente contribui para "enevoar" o palco sonoro, o detalhe e a resolução, de uma forma que fosse estéticamente aceitável. Dispus os painéis em simetria, por forma a fazerem parte do design do móvel (quando vistos de frente, ver noutras fotos dos outros posts) e a cobrir as zonas mais sensíveis:


E assim está feito o relato desta "aventura". Muitos notaram que não optei por corrigir o problema da janela (que é bastante grande e próxima do sistema e ponto de audição), mas essa foi uma escolha puramente estética, aqui em casa não gostamos de cortinados e não havia outras opções disponíveis. Felizmente essa escolha tem-se revelado ajustada, porque de facto oa janela não tem causado problemas, e os benefícios destas alterações foram enormes, nota-se um óbvio e forte amortecimento nas reflexões e modos de ressonância desta sala, o que conjugado com o correcto posicionamento das colunas e equipamentos que oferecem poucos problemas sonoros (distorção, colorações, etc), transformou esta sala num local digno para um sistema de som razoável, e para se ouvir música com prazer sem a obstrução e o incómodo de fenómenos acústicos intrusivos ou destruidores da informação sonora e musical. Consegui-lo com um impacto visual reduzido e que agradou à família, ainda por cima com um custo muito baixo, foi uma vitória que tem dado frutos. Vale a pena!


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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Perdidos e Achaudios: ..."trains and sewing machines"

Certo dia uma "teenager" em visita de estudo ao meu local de trabalho, fez questão de me fazer ouvir Imogen Heap - Hide And Seek... nunca mais me esqueci.

http://www.youtube.com/watch?v=dHk2lLaDzlM

 
http://www.youtube.com/watch?v=3OEXfsZheyM (Lyrics)
http://www.youtube.com/watch?v=DAVj-jckqLM (Music Video)


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domingo, 13 de dezembro de 2009

Perdidos e Achaudios: Duo improvável...

Duo improvável... mas que resultou muito bem, como se pode ver neste video de finais dos anos 80 (aquele styling do pessoal no palco não engana), retirado de um programa televisivo americano. Leonard Cohen, e o gigante do saxofone, o "colosso" Sonny Rollins. Vale a pena ouvir os três "solos" de Rollins que deixam os restantes músicos em transe, neste momento único (provavelmente improvisado). O que teria sido um disco assinado pelos dois? Hartman / Coltrane... Rollins / Cohen...catch my drift?


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domingo, 22 de novembro de 2009

Still Vinyl 2009 - Na cauda do pelotão...

Além dos três melhores (Transom, Ultimate Audio, Delmax), e do "Pelotão do Meio" com qualidade de som razoável, deixo agora algumas linhas e imagens relativas aos sistemas e salas onde não fiquei com impressão positiva, por achar que o som que lá encontrei não atingiu os standards de qualidade mínimos que eu considero possíveis e desejáveis a partir da reprodução de vinil num sistema de som com uma qualidade suficiente. Esta foi, caros leitores, a Cauda do Pelotão do Still Vinyl 2009.


(sala da Ajasom, "mirabolantes" colunas Pipedreams, electrónica Nagra, gira-discos Bergmann e cabeça Lyra)

Apesar de ser talvez a única sala com uma bonita assistente a dar as boas vindas, a verdade é que isso não foi o suficiente para fazer música na sala da Ajasom. Equipamentos caríssimos, e de logística complicada, mas um som difuso, com pouca definição espacial, pouco "swing", pouco "slam", e com uma apresentação que por vezes quase parecia fora de fase. Aqueles drivers todos... não me convence. Terá sido problema meu, mas não percebi o som deste sistema, e creio que a culpa terá sido maioritariamente das colunas ou da sua interacção com a sala e sistema associados. Na minha opinião, um som muito fraco, em termos absolutos... nem vale a pena referir a pobre relação preço / qualidade.


(sala G&P Audio com as colunas Luís Pires Olissipo, electrónica Plinius e gira-discos Basis com Benz LP)

Noutro evento audio antes deste, gostei muito de ouvir estas colunas com electrónica Primare, onde apesar de não ter um som exuberante (que as Olissipo manifestamente não conseguem reproduzir) fui presenteado com uma musicalidade, coerência e simplicidade da apresentação sonora, que achei desarmante e até supreendente. Não sei qual o motivo, talvez o sistema ser diferente, ou a sala com paredes quase todas em vidro e com um formato fora do normal, ou simplesmente porque nesta ocasião "não fez click", o facto é que no Still Vinyl 2009 o carácter seco e apagado intrínseco das Olissipo não foi acompanhado pelas outras características mais positivas. O som, em geral, estava demasiado escuro e introvertido, chegando a ser lento na apresentação, sem vida, sem música. Algo não estava bem, e fiquei com pena pois admiro o trabalho de Luís Pires nesta área. Fico à espera de reencontrar a musicalidade perdida das Olissipo noutro evento qualquer...


(sala da Zenaudio, colunas, subwoofers, amplificação e conversão digital da Lyngdorf, gira-discos Rui Borges)

Num evento dedicado às fontes analógicas, a Zenaudio quebrou o protocolo apresentando um sistema cuja fonte analógica estava a ser convertida para digital à entrada no amplificador "true digital" da Lyngdorf, o que só por si transforma o carácter objectivo da fonte em digital (no fundo o mesmo conceito de estar a usar um leitor de CD's, sendo que no caso da Zenaudio a conversão Analógico / Digital estava a ser feita no local a partir de vinil, em vez de ser feita num estúdio profissional a partir de "master tapes"). Além desta violação das "regras" do evento, que todos os outros participantes respeitaram, há aqui também uma questão de puro absurdo técnico que torna incompatível e inútil a utilização de uma fonte analógica num sistema que é digital... consegue-se assim juntar o pior dos dois mundos, todos os defeitos e limitações do vinil, com todos os defeitos e limitações dos processos ADC / DAC... não existe justificação plausível para tal configuração, e a prova estava no algodão! Perdão... no som. Além da conversão digital a partir de vinil, estava também a ser usado o componente de equalização e correcção acústica digital Room Perfect da Lyngdorf, agravando ainda mais os sintomas que se tornavam evidentes em poucos segundos de audição... um som confuso e atrapalhado, sem qualquer coerência espacial e temporal, decays e reverberações tipicamente digitais com tempos incorrectos, brilho e aspereza artificiais, uma gama baixa com tonalidade quase nula, e em geral dinâmica muito reduzida castrando as características tímbricas de vozes e instrumentos. Não foi a única sala onde senti fadiga auditiva (já noutro post referi o caso da Delmax, mas por motivos muito diferentes), mas foi onde a senti com maior rapidez e intensidade... de fazer doer a cabeça. Uma sala tecnicamente incompreensível, com a respectiva prestação sonora medíocre, um dos piores sons que já ouvi em qualquer show, a contrastar enormemente com a prestação razoável que a Zenaudio apresentou na sala ao lado (interligada internamente) com o sistema Xavian / Goldnote / RBT. É o preço a pagar pela irreverência da proposta num show deste tipo, mas o sucesso de tais iniciativas não está ao alcance de todos...

E o resto? Agora sem imagens, e de forma mais concisa... na sala da Exaudio havia muita simpatia e boa música, mas o som estava com algum problema que se manifestava na evidente falta de graves e "corpo", com as ATC SMC20 a apresentar um som fininho a partir da amplificação ATC e gira discos Origin Live com pré de phono Tom Evans. Algum defeito da sala, ou do "setup" do sistema, que tive pena de não ter funcionado melhor. Numa das salas da Delaudio (apresentou duas salas) com um Thorens TD700, pré de phono Esoteric, amplificação Primare e umas colunas Monitor Audio RX6, o som mortiço e sem escala surpreendeu pela negativa (a outra sala estava bem melhor).

Para terminar em beleza esta minha apreciação sobre o Still Vinyl 2009, publico algumas fotos relativas à exposição de gira-discos Vintage, onde foi possível apreciar belas máquinas dedicadas à arte de reproduzir vinil.












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domingo, 15 de novembro de 2009

Still Vinyl 2009 - O pelotão do meio...

Mais vale tarde do que nunca, e antes que o nunca aconteça cá estou eu para continuar a minha review do Still Vinyl 2009. Depois de ter enunciado aquelas que para mim foram "A Melhor Sala do Show" e as duas "Menções Honrosas" que compõem o pódio analógico, serve este post para descrever de forma rápida as salas que não me agradaram tanto mas que mesmo assim permitiram ouvir música com algum agrado, razoavelmente boas mas sem uma performance de destaque no "som" global do evento, cuja performance não excedeu os limites do "bom", quando se calhar seria de esperar excelente ou mesmo superlativo, face aos valores de alguns sistemas.

(sala da Cenestesia com as Sonus Faber a encher a vista e válvulas para aquecer o ambiente)

Começo pela Cenestesia, onde as Sonus Faber (seriam as Stradivari Homage numa edição limitada e numerada?) dominavam o cenário com a sua presença imponente e elegante ao mesmo tempo. Atrás delas um gira-discos de cuja marca não me recordo (seria um Michell Gyrodec?), acompanhado de um pré de phono Trichord Dino com PSU externa adicional que me pareceu interessante, amplificação a válvulas Jadis e lá estavam também os cabos de coluna da Nordost (não sei qual o modelo). O som que ouvi, especialmente no primeiro dia, agradou-me mas sem encantar, uma performance contida e sem falhas flagrantes, mas faltava qualquer coisa para se tornar realmente especial e permitir um maior envolvimento. No segundo dia foi pior, a escolha dos discos foi mais arriscada com material mais complexo e por vezes mais violento, e isso revelou uma certa tendência para o som ficar "agarrado" ás colunas, sem a criação do palco imaginário livre de constrangimentos que seria de esperar deste nível de equipamentos. Notei também que a performance perdeu alguma da consistência e segurança com o programa musical mais complexo, tornando-se mais confusa, com menor definição e separação de sons, como se as colunas estivessem a precisar de rodagem.

(sala da Polifer com os belos equipamentos da Burmester e um som em geral de boa qualidade)

Na sala da Polifer encontrei um ambiente geral de maior silêncio do que na maioria das outras salas, como se houvesse mais respeito e atenção à performance do sistema. Não sei porquê, talvez fosse por causa do aspecto mais sério e formal dos equipamentos da Burmester (amplificação e colunas), com um gira-discos e pré de phono da Transrotor, com cabos de coluna da Nordost (Heimdall). Seja como for, na verdade tocava boa música com um som agradável, com boa presença "holográfica" e muito detalhe, mas como noutras ocasiões em que ouvi equipamentos da Burmester, fico sempre com uma sensação de contenção exagerada, uma certa falta de dinâmica, de "snap", de "bang"... enfim, de emoções fortes que também definem a qualidade de um sistema. Não pode ser tudo "relaxed" e distante... e é esse o "pecado" que notei na sala da Polifer. Dependendo do disco, o som oscilava entre o bom, e o "estranhamente" atenuado. Eu pessoalmente prefiro sistemas com maior vivacidade, velocidade e dinâmica, daqueles que nos contagiam. Como li há dias numa publicação da especialidade (e numa tradução livre) "quando um sistema toca assim tão bem, toda a música se torna contagiante" e isso não anda longe da verdade, mas não anda perto da Burmester, pelo que já ouvi desta marca até hoje, e creio que será uma opção estratégica da marca, em ter aquele tipo de som, que aliás tem muitos adeptos. O Transrotor pareceu-me uma proposta sem grande relevo no leque de ofertas disponíveis hoje no mercado. Gostei muito da simpatia dos anfitriões da sala da Polifer que me pareceram sempre muito profissionais e disponíveis, e apesar da falta de contágio musical, dentro do que já estava habituado, a performance do sistema foi positiva. Só não passou do nível "bom" para outros, e se calhar devia pois estes equipamentos não são baratos.

(sala da Audioelite com as belas - diferentes - colunas Thiel a dominar o pouco espaço disponível)

Na Sala da Audioelite ouvi pela primeira vez umas colunas Thiel, com gira-discos Oracle Delphi MK V, e amplificação da ASR e da YBA, e gostei do que ouvi, de uma forma geral. O som tinha uma naturalidade desarmante, tornando o ouvinte parte da performance, uma apresentação "tu-cá-tu-lá" de que gosto particularmente, com transientes pujantes, texturas ricas e tons vibrantes. Quando lá estive tocava um excelente vinil de Keith Jarrett (Standards Live - creio eu) com prensagem ECM (bela escolha), creio que seria a alemã e não a americana, e a música tornou-se "familiar" muito rapidamente. As principais falhas que impediram a sala da Audioelite de estar no pódio prendem-se com questões "audiófilas" de palco sonoro (um pouco reduzido), extensão da resposta do sistema (talvez muito centrado na gama média, embora o que fazia fazia muito bem), e depois a própria sala que era muito pequena e dificultou bastante uma audição livre de constrangimentos. Fica para uma próxima oportunidade um envolvimento mais acentuado, uma audição mais livre, com as Thiel que me pareceram muito interessantes mesmo, e muito diferentes da maior parte das outras propostas na forma como apresentam o som, a projecção sonora que fazem e a forma como envolvem facilmente o ouvinte na sua teia de musicalidade. Foi também um prazer falar com o anfitrião da Audioelite, muito simpático e prestável. Deste "pelotão do meio", talvez esta sala tenha sido a que mais me agradou.


(sala da Viasónica com as voluptuosas B&W 802D e mais um "masterpiece" analógico de Rui Borges)

Tive pena de encontrar as B&W 802D numa sala, da Viasónica, tão pequena e sempre tão cheia de ouvintes, o que em nada ajudou a perceber de facto qual o valor desta combinação com electrónica "hardcore" da McIntosh, tão bem alimentada por um imponente e complexo gira-discos Rui Borges Turntables. Sejamos claros, as 802D não sabem tocar mal, são umas das colunas que mais admiro e no seu segmento não me parece que exista real e eficaz concorrência, mas precisam de actuar num espaço adequado, e não é qualquer amplificação que se dá bem com elas. Estas em particular pareceram-me um pouco desgastadas avaliando pelo aspecto "físico" do cone FST e das caixas... Como ideia geral, o som estava bom, e a música tocava capaz de entusiasmar minimamente, mas fiquei com a impressão de que a combinação McIntosh/802D não será a mais feliz, ficando a faltar a dinâmica fulgurante que conheço destas colunas e também algum detalhe, alguma "micro-informação" que me pareceu ausente. Mas é injusto tirar conclusões demasiado contundentes a partir de uma audição que não foi muito cuidada, talvez houvesse ali factores que impediam o aparecimento completo da possível sinergia do sistema. De qualquer forma, uma prestação positiva, dentro da média do show, e gostei de ver/ouvir uma combinação pouco habitual marcas e equipamentos.

(na sala do Rui Borges Turntables em conjunto com a Zenaudio, a estrela foi mesmo o novo RBT Uno)

Com material Goldenote na cabeça e na secção de phono, e umas enormes colunas Xavian Mediterranea, o novo Rui Borges Turntables Uno mostrou mais uma vez que o Rui sabe o que faz. Por um preço entre os 2500 e os 3500 euros consoante as opções, e incluindo fonte de alimentação externa, braço e cabeça, o RBT Uno com base semi-rígida pareceu-me uma proposta interessante e "terrena". Tive pena de não ter conseguido que o Rui Borges me explicásse mais pormenores sobre o Uno, quando lhe perguntei (como potencial cliente diga-se de passagem) quais as características relevantes da máquina ele não se mostrou muito disponível, suponho que terá sido por causa de um ambiente bastante activo e "mexido" que havia na sala e que lhe roubou a atenção. No entanto, gostei de ouvir o Uno e de o ver ao vivo, deu para perceber algumas das suas virtudes, tal como dos equipamentos da Goldnote que me pareceram também eles merecedores de alguma atenção, isto apesar das Xavian Mediterranea com a sua típica e já conhecida apresentação sonora retraída e distante, com um carácter "abafado" que é aliás comum e vários modelos da marca, ao gosto de muitos aparentemente, mas não do meu. Numa das muitas audições da inevitável faixa "Stimela" de Hugh Masekela que fiz durante o show, com as Xavian foi onde a dinâmica e os transientes mais sofreram, sem dúvida, e sei que não foi algo provocado pelo RBT Uno nem pelos Goldnote porque já ouvi esta "sonoridade típica" das Xavian noutras ocasiões. Apesar de tudo um som de boa qualidade, mas que deixou muito a desejar para se destacar do pelotão.


(numa das salas da Delaudio um sistema pequeno, mas com genica, e musicalidade simples de bater o pé)

A Delaudio esteve presente em duas salas, uma boa, e outra má. Aqui falarei apenas da que estava boa e que me deu prazer lá estar a ouvir música, pelo carácter simples, directo, descomprometido e até acessível de um sistema composto pela novas colunas Monitor Audio RX1 alimentadas por amplificação Advance Acoustic e Primare, e tendo como fonte analógica um interessante Roksan Radius com suspensão e braço "unipivot". Os discos sucediam-se, e as pequenas RX1 mostravam que o tamanho não importa nada (so they say...) e que são capazes de o fazer em pouco espaço sem estragar quase nada e dando prazer a quem o desejar. Um som com a contenção expectável para um sistema deste género, mas sem se tentar exceder a si próprio, com uma gama média bem projectada e um palco sonoro credível (embora pequeno), e onde nunca notei nenhuma falha ou fenómeno sonoro estranho digno de nota. Ouvi de tudo, gostei de tudo, deu-me gozo relembrar o "American Prayer" de Jim Morrison, e falar com o simpático anfitrião da sala. Sem a dinâmica e a resolução que permitem acesso ao pódio, este sistema e esta sala estão no topo do pelotão do meio, com distinção.

No espaço reservado à Pauca Sed Bona (ver foto aqui ao lado), tocava boa música com a qualidade possível num espaço aberto e de passagem... de facto seria mais um hall do corredor de acesso a outras salas, do que uma verdadeira sala de audição. Sem dúvida uma opção corajosa do João Gouveia, mas que não permitiu ouvir e ver com a devida atenção os equipamentos expostos. Entre estes destaca-se a Avid com os seus gira-discos, por ser uma nova representação em Portugal de uma marca muito premiada e respeitada "lá fora", e os já conhecidos componentes da Pure Sound, entre eles o pré de phono Pure Sound P10 que já tinha tido a oportunidade de ouvir e que me deixou muito bem impressionado pela segunda vez consecutiva, sem dúvida um aparelho a considerar. Nas precárias condições em que se encontrava o espaço da Pauca, não me foi possível fazer uma audição muito crítica, sendo que havia dois sistemas distintos em audição gostei de ouvir o "maior" com as XTZ de chão e o gira-discos Avid de gama média/alta, mas por outro lado o sistema mais económico com as XTZ "monitoras" e o Avid Diva ja não me pareceu tão interessante sendo afectado por uma predominante agressividade e aspereza das frequências mais altas (não sei qual a causa nem qual o componente "culpado" por esse fenómeno), apesar de ter também outros pontos a favor para um sistema a que podemos chamar quase "barato". Prestação global positiva para a Pauca Sed Bona, João Gouveia prestável, ainda por cima acompanhado por representantes da Avid e da Pure Sound que se deram ao trabalho de vir a Portugal assistir ao evento. Acho que fizeram muito bem.

Brevemente, o post sobre a "cauda do pelotão" do Still Vinyl 2009, onde lhe vou contar o que me soou mal ou muito abaixo do esperado neste evento.


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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Teste: Cambridge Audio DacMagic (Upsampling DAC)


Tive a oportunidade de testar o Cambridge Audio DacMagic, um pequeno, simples e eficaz DAC externo (Digital to Analog Converter) desta famosa marca inglesa. Aqui no ViciAudio é habitual dar-se prioridade às fontes analógicas, por uma questão de superior qualidade de som, mas não esquecemos de forma nenhuma o carácter prático e utilitário dos formatos digitais, e nesse âmbito há produtos que se destacam por conseguirem conjugar performance e preço de uma forma adequada às limitações inerentes aos formatos digitais, ainda mais quando estamos a falar de fontes digitais de baixa resolução e com um longo histórico de problemas e limitações como o CD, standard "Red Book" 16/44. Na verdade têm sido feitos grandes esforços para dar ao CD uma qualidade de som superior, através da optimização dos processos de conversão analógico/digital (ADC) e digital/analógico (DAC), sendo que em ambas as fases do processo ocorrem inúmeros problemas e fenómenos sonoros estranhos ao som "original". Tipicamente, num ambiente doméstico, só nos procupa o processamento DAC, pois a informação já está convertida para digital no CD (e já vem com probemas associados resultantes desse processo). Mas os DAC que temos em casa, integrados nos leitores de CD ou DVD, ou ainda nos receivers AV, não são todos iguais, não só existem inúmeros modelos e marcas (Burr Brown, Wolfson, Analog Devices, Philips, Crystal, Cirrus Logic, ESS e muitos outros), mas principalmente, há enormes variações na forma como os circuitos são implementados, e merece especial atenção a parte da filtragem digital que é aplicada em todos os DAC para tentar minimizar as aberrações sónicas decorrentes do normal processo de conversão, com ou sem upsampling e oversampling, que resultam invariavelmente em sonoridades finais muito diferentes.

Recentemente os principais avanços nesta área são designados por filtros "Minimum Phase", e "Apodizing" (este baseado em DSP), que foram desenvolvidos por algumas marcas de renome e histórico nesta área (como a Ayre ou a Meridian), e que visam tornar o som da reprodução de CD mais natural através da eliminação de uma das aberrações sonoras resultantes da conversão A/D e D/A: o "Pre-Ringing".

De uma forma muito simplificada, o agora famoso Pre-Ringing é um termo que se refere à existência de "ecos" antes dos transientes... basicamente, antes de um som ser reproduzido no tempo correcto, existe um pré-eco desse som gerado durante a conversão e depois reproduzido pelo leitor de CD de forma audível antes do som "alvo" ser de facto reproduzido. Dizem os especialistas que este fenómeno, obviamente estranho, nos afecta particularmente pois na natureza, no mundo real, não existem ecos antes dos sons originais... claro que faz sentido, e trata-se de uma aberração sónica que interfere bastante com a nossa percepção do som e especialmente da música, onde o "tempo" é tudo e distingue essa arte de outra qualquer forma sonora.


Voltemos então ao DacMagic, para dizer que este DAC externo conta com dois chips Wolfson em modo "dual diferential mono", num circuito totalmente balanceado (tem inclusivamente saídas XLR para ligar a um amplificador balanceado), e oferece a opção de três filtros digitais implementados de forma diferente. Dois deles são lineares, com configuração diferente no tipo de corte (roll-off) nas altas frequências, mas um deles é um filtro Minimum Phase, e é aqui que reside a magia do DacMagic! Estamos a falar de um aparelho com um PVP de 338 euros em Portugal (Supportview), não pretende ser "high end", mas promete melhorar o desempenho de leitores de CD de baixo custo, leitores de DVD, consolas de jogos ou "media servers" para um nível de performance audio stereo audiófila. E na minha opinião faz o que promete com sucesso.

Liguei o meu velhinho Denon DVD-2910, um transporte de qualidade razoável mas que não é nem de longe um produto "high end", ao DacMagic através da saída Digital Coaxial, utilizando um cabo coaxial Supra Trico. Uma característica interessante do DacMagic é o facto de ter também uma saída digital (Coaxial e Óptica) com verdadeiro "pass-through" do bitstream que estiver a receber numa das suas entradas digitais. Isto é importante porque permite passar o som de filmes (Dolby/DTS) inalterado para um receiver AV que faça o processamento e conversão. Assim não precisei de alterar nada no meu "setup" actual, bastou-me ligar o cabo digital entre o DacMagic e o meu AV Receiver Yamaha RX-V1500 para continuar a ter o sistema a funcionar em pleno no que diz respeito aos filmes. Excelente!

Para ligar o DacMagic ao amplificador Classé usei as saídas balanceadas XLR com cabos profissionais (Klotz + Neutrik), e até deixei a ligação RCA como estava, entre o DVD Denon e o amplificador para poder comparar, "on the fly", as diferenças entre a performance do DAC interno do Denon e do DacMagic. E já está, foi simples e rápido integrar de forma harmoniosa o DacMagic no meu sistema. Uma enorme vantagem de testar este aparelho num sistema caracterizado por transparência e ausência de colorações (nisso as B&W 805s são sublimes e o Classé CAP-2100 também) é tornar muito fácil ouvir alterações ao nível da fonte.


Com alguns CD's que tenho estado a ouvir nos últimos dias (The Legendary Tiger Man - "Femina" e Jeff Beck - "Sea Change" edição MFSL, Pink Floyd "Wish You Were Here" edição original japonesa 35DP-4 de 1982, entre outros) aproveitei para fazer os testes de comparação. O Denon DVD-2910 é razoável como leitor de CD's, o seu DAC Burr Brown é relativamente estável e com uma performance segura (bastante melhor do que o DAC interno do meu receiver Yamaha RX-V1500), no entanto é fácil ouvir as falhas "digitais" do costume com a reprodução de CD's, nomeadamente os defeitos nos tempos de decay, a reverberação artificial, distorção e brilho geral do som. Provavelmente não existe nenhum DAC ou leitor de CD no mundo capaz de eliminar todos estes problemas, porque são inerentes aos processos de conversão e reprodução associados ao CD, mas há certamente aparelhos que o fazem muito melhor do que outros, atenuando ou evitando alguns desses fenómenos.

Com o DacMagic notei imediatamente uma melhoria sonora, utilizando o seu filtro mais normal, "Linear Phase". Nada de radical, mas mesmo assim uma ligeira melhoria na limpeza do som, com aparente diminuição na distorção e no "grão digital" que ouvimos por vezes nas vozes, especialmente femininas. Pareceu-me haver também melhorias de coerência e integração do palco sonoro, com tempos mais certos e uma percepção musical em geral mais orgânica. Mas, repito, nada de radicalmente diferente, são diferenças muito subtis, e na verdade não são as áreas mais problemáticas da reprodução de CD's. O outro filtro chamado "Steep" é basicamente igual ao "Linear Phase" mas com um "roll-off" na frequência de corte muito acentuada aos 20kHz para eliminar completamente quaisquer efeitos de "aliasing" nas frequências mais altas. Finalmente, com o filtro "Minimum Phase", as diferenças subtis começaram a ser... muito menos subtis.

Há magia nesta tecnologia Minimum Phase, a diferença relativamente aos outros filtros do DacMagic, ou ao DAC do Denon, são bastante grandes e imediatamente perceptíveis por qualquer par de ouvidos. A música ganha uma fluidez e um recorte temporal/espacial bastante mais definido, passagens complexas bem representadas de forma sólida e consistente, ritmo natural e contagiante, e um fundo silencioso entre notas que as outras soluções nunca demonstraram. E porquê estas diferenças? Bom, posso apenas supôr que a ausência de Pre-Ringing liberta o cérebro e a forma como percepcionamos as "dicas temporais" de um cenário irreal e bastante anti-natural, permitindo-nos agora concentrar no conteúdo musical porque já não "lutamos" tanto para entender e processar o som que estamos a ouvir. Isso, e o facto de passar a ouvir com este filtro "Minimum Phase" uma muito maior aproximação aos tempos de decay "reais", por exemplo nos címbalos de bateria, e uma forte diminuição no "brilho digital" que se ouve constantemente e que dá aquele destaque artificial aos sons quando ouvimos CD's. Resumindo, o som resultante desta conversão digital/analógico soa-me, com o filtro "Minimum Phase", muito mais perto de uma source analógica que não sofreu qualquer tipo de conversão. Mais perto não significa que soe igual (nem nada que se pareça) mas, pelo menos, não soa completamente digital.

Este tipo de performance num aparelho desta simplicidade e preço, não é comum. O DacMagic não só oferece este processamento "Minimum Phase" de alta qualidade e que, na minha opinião, está equiparado de uma forma geral à performance de DAC's/Fontes que custam quase 5 vezes mais, mas também o faz com uma caixa totalmente balanceada e com saídas XLR, um output digital com "pass through" para fazer bypass ao streaming de som digital de filmes ou outras fontes para um processador (por exemplo Dolby Digital e DTS através de coaxial para um receiver AV), dois inputs digitais (coaxiais e ópticos), e ainda um input por USB (não testado) para ligar um computador directamente (por exemplo) e beneficiar do processamento do DacMagic.

Quem quiser dar uma lufada de ar fresco à sua fonte digital, quem como eu usa uma fonte "universal" como um leitor de DVD de custo médio ou baixo, para ler CD's, DVD's, SACD, etc... poderá testar este DacMagic, e com o filtro Minimum Phase terá altas probabilidades de melhorar significativamente a sua performance. Para fontes digitais de melhor qualidade, os benefícios podem ser mais subtis, ou mesmo inexistentes, mas cada caso é um caso. Altamente recomendado! Numa escala de 0 a 5, o Cambridge Audio DacMagic leva nota máxima, 5 estrelas ViciAudio, pela sua excelente relação custo/performance para o segmento em que se enquadra e para os objectivos que se propôe cumprir.


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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Still Vinyl 2009 - Menções Honrosas

Além do já referido Prémio ViciAudio "Melhor Sala do Show" atribuído à Transom, há ainda outras salas que merecem referência pela positiva. Pode dizer-se que de uma forma geral o som teve uma qualidade elevada neste Still Vinyl de 2009 tornando a visita ao evento muito agradável, muito "melómana". Gostaria de destacar, além da Transom, as salas da Ultimate Audio e da Delmax, onde a música me fez dançar mais do que nas outras.


(Sala da Transom com colunas Focal, Amplificação Nuforce, phono Nagra BPS e gira-discos Pro-Ject Xtension com cabeça Ortofon Kontrapunkt)

Começo já pela sala da Ultimate Audio, onde o som tinha uma escala bastante realista, uma profundidade e coerência fenomenais (desde que sentados no exacto "sweet spot" das colunas), velocidade, ritmo, detalhe, enfim quase tudo perfeito, embora tenha notado algum "brilho" extra por vezes que, creio, terá sido provocado pela interacção com a sala. Uma escala tão real, tanto pulmão, dinâmica, e aquele realismo sonoro "3D" pode por vezes ser um factor de distracção... se o programa musical não nos tocar a 100% (filtrando o que não é música) não é difícil deixarmo-nos levar pela estética arrojada e imponente de todo aquele hardware, ou até por um certo excesso de detalhe na apresentação sonora que muitas vezes insiste em focar a árvore em vez da floresta. Mas, enfim... isto é o que se chama de procurar defeitos. O sistema precisa de espaço, e é caríssimo... mas toca muito bem, as colunas Ascendo System M-S e aquela amplificação imponente da Karan não deixam ninguém indiferente. O "look" industrial do Kuzma, com aquela dimensão e aparência de solidez absoluta, é impressionante e respira qualidade, e não posso deixar de referir todo aquele arsenal de cabos (cobras) e condicionadores de corrente que se podiam ver atrás do sistema compondo uma cena quase surreal. Em termos absolutos este seria talvez o melhor som do show, mas a logística envolvida e o custo dos equipamentos restringem muitíssimo o público que pode um dia ter tais equipamentos, e isso é um factor de limitação do potencial da sala, em termos de performance no Show.


(Sala da Ultimate Audio com colunas Ascendo, amplificação Karan, gira-discos Kuzma Stabi XL com cabeça Airtight PC-1, cabos Stealth Audio)

Seguimos viagem para a Delmax onde o Sr. Pereira fazia demonstração de umas enormes ProAC Response D80R, devidamente alimentadas por um impressionante conjunto da Audio Research (Reference), tendo como fonte analógica um gira-discos SME Model 30 com braço de 12" SME V e uma cabeça Sumiko Palo Santos. É também aqui que refiro pela primeira vez uma sala onde os cabos de coluna eram da marca Nordost, o que aconteceu em várias salas, e tem sido uma tendência clara na maior parte dos eventos a que tenho assistido nos últimos 3 ou 4 anos.


(Sala da Delmax, colunas ProAC, amplificação Audio Research, fonte SME, cabos Nordost. Bom gosto e boa música que o Sr. Pereira se encarregou de garantir)

O som pode caracterizar-se de uma forma muito simples e directa numa palavra: transparência. Impressionou-me a dinâmica apresentada, poderosa, mesmo visceral em certas ocasiões, e ao mesmo tempo a percepção de uma quase total ausência de colorações por parte das colunas, na sua grandiosidade física a debitarem os sons tal como eles são (por vezes bem agressivos, como na realidade) com um ritmo, integração, e força assinaláveis. A transparência tem um preço... por vezes senti alguma fadiga auditiva, também porque o volume estava quase sempre muito elevado (e ainda bem, mas eu estaria talvez demasiado próximo das colunas), e devo confessar que esta foi a única sala onde tal sucedeu. Acredito que se estivesse um pouco mais recuado, e o volume talvez um bocadinho mais baixo, o som se teria tornado mais agradável, mais "doméstico" e fácil de ouvir durante períodos prolongados. Mas não deixa de ser um elogio técnico que um sistema deste tipo, com fonte analógica e equipamentos a válvulas, tenha manifestado um carácter tão neutro, limpo, e timbricamente desobstruído.


(SME Model 30 + SME V 12 + Sumiko Palo Santos na sala da Delmax)

O SME Model 30 com o belo braço SME V de 12" e a cabeça Sumiko apresentaram um som com um palco enorme e um fundo "negro" onde o som rasgava com a dinâmica acentuada de um realismo contundente, o que surpreende alguns detractores mais empedernidos da qualidade e potencial do vinil. Não me surpreendeu a mim que já tenho ouvido gira-discos SME e posso confirmar este seu carácter "poderoso". O braço de 12" ajuda, muito, a manter a cabeça estável e com o "ataque" correcto na leitura do disco, mesmo na espiras interiores, sem que se notem quaisquer efeitos sónicos indesejáveis. Estou aliás rendido aos méritos das aplicações de braços de 12" pela "segurança" que oferecem. Não são braços tangenciais, mas... se calhar nem é preciso.


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domingo, 1 de novembro de 2009

Still Vinyl 2009 - Prémio ViciAudio "Melhor Sala do Show"

Depois de muito debate e de uma votação renhida por parte da equipa do ViciAudio (eu), a sala da Transom foi eleita para receber o prémio ViciAudio (mesmo muito simbólico) de "Melhor Sala do Show" do Still Vinyl 2009.


Com uma lista de Hardware nada espalhafatosa, utilizando material quase todo ele de custo "terreno", a sala da Transom conseguiu fazer-me ouvir música de uma forma que superou todas as outras, em primeiro lugar porque a música tocava mais do que o som, e em segundo lugar porque nunca dei por mim a pensar: "Ok, isto toca bem, mas custa um balúrdio, é um sistema inacessível à maioria dos mortais!", o que aconteceu noutras salas...


Artilhados com um gira-discos Pro-Ject Xtension Classic com braço Ortofon RS-309D e uma célula MC Ortofon Kontrapunkt b, a servir de fonte analógica ligado a um pré de phono a bateria Nagra BPS, que por sua vez alimentava um conjunto de pré-amplificador Nuforce P9 e monoblocos de potência Nuforce Reference 9 SE, era possível ouvir cantar as Focal Chorus 826 W 30th Anniversary como nunca tinha ouvido noutras Focal com que me defrontei em eventos anteriores. Posso mesmo dizer que o que ouvi nesta sala com as Focal poderá mudar para sempre a minha percepção geral da marca, cujos produtos nunca me tinham fascinado, embora reconhecesse o seu valor técnico (e por vezes o portento), mas que por algum motivo nunca me tinham accionado os botões da emoção e da empatia, seja no plano musical, sonoro, ou mesmo no que diz respeito à estética. Provavelmente muitos visitantes passaram "ao lado" desta sala por lhe faltar algum fogo-de-artifício na apresentação visual dos equipamentos, ou seja, à partida e olhando lá para dentro, não havia lá nada de encher as medidas, mas quem foi atrás do som, da música, em vez do "show off", encontrou aqui aquilo que procurava. Música que simplesmente fluía com toda a naturalidade e que nos fazia esquecer o sistema propriamente dito. Mais uma vez fica bem patente a importância de saber "montar" um sistema, de saber equilibrar as várias partes do mesmo, e de saber integrar o sistema na sala onde vai ser exposto e ouvido. Neste aspecto, a Transom sob a orientação de Carlos Moreira e o responsável pela sala Rui Calado, mostraram como se faz, não sendo fácil encontrar falhas na forma eficaz e arrojada como souberam tirar o melhor destes equipamentos por si seleccionados.


O Xtension, com braço de 12", é provavelmente um grande responsável pelo bom som deste sistema. Com uma presença imponente e estável, e a segurança adicional providenciada pelo braço Ortofon de 12" permitindo menores variações de ataque/ângulo da célula relativamente a um braço de menores dimensões, o Pro-Ject fez-se ouvir sempre com muito detalhe e ritmo, com um fundo silencioso e dinâmica bastante para encher a sala, ao que a Ortofon Kontrapunkt não será alheia. O som pareceu-me sempre muito fluído e integrado, com as características habituais do Vinil elevadas a um nível um pouco inesperado para um sistema deste valor. As Focal, ao contrário do que tinha ouvido antes, estavam com um som mais aberto, vivo e dinâmico, contrastando com o som apagado e "sem sal" a que me tinham habituado noutras audições de modelos da marca. Graves tensos e informativos quanto baste, gama média com o destaque certo e tímbricamente correcta, acompanhado de uns agudos equilibrados, formando uma unidade coesa muito musical e agradável. Se calhar dão-se bem com o som puro do Vinil... ou então gostam de amplificadores com alto "Damping Factor" como os Nuforce... amplificadores que já me surpreenderam muitas vezes (não esqueço a forma como noutro evento domesticaram umas B&W 802D) pela sua capacidade e controlo, e que mais uma vez não deixaram ficar mal quem por ali passou, apesar de continuar a achar que para o seu custo há propostas com uma dinâmica superior e com maior presença nos extremos do espectro de frequências. Mas, a Transom está neste momento a fazer um preço promocional extremamente apelativo em todos os produtos Nuforce em stock, o que os torna praticamente imbatíveis, equilibrando a sua performance com o custo final (os interessados deverão contactar a Transom para mais detalhes, vale a pena!).

Escolhi esta sala como "Melhor Sala do Show" porque foi lá que tive maior prazer a ouvir música, e nunca fui confrontado com nenhuma aberração sónica ou nenhum elemento em destaque capaz de me distrair da fruição musical. Se é verdade que terei ouvido melhor "som", em termos absolutos, noutras salas (nomeadamente a sala da Ultimate Audio, mais sobre ela noutro post), também é verdade que nessas salas a qualidade era mais intrusiva, de uma forma capaz de distrair e diminuir a sensação de harmonia e integração total com a música... além do mais, todos os sistemas capazes de soar tão bem como o da Transom custavam muito mais, por vezes ridiculamente mais. Ora, como isto não é de borla, e eu não sou rico, não posso deixar de levar em conta esta relação preço/qualidade, o que também pesou na minha escolha.

Já não é a primeira vez que escolho a Transom como "Melhor Sala do Show"... já noutros eventos, nomeadamente do Forum HiFi (HDMC) em que esta empresa apresentou sistemas relativamente modestos, conseguiram a mesma proeza... Recentemente fizeram-no com um amplificador Classé e uma colunas B&W 805s... eu tanto gostei, que fiz dele o meu sistema actual.


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Still Vinyl 2009 - O som estava quase sempre bom... porque será?

Hoje fui ao primeiro dia do Still Vinyl 2009 que decorreu como esperava com enorme sucesso, muito público e muita qualidade geral. Amanhã há mais! Neste primeiro comentário, que vai ser curto, gostava de levantar uma questão muito interessante. Já ouvi e li comentários sobre o evento em que se realça a qualidade do som ser elevada na maior parte das salas, ao contrário do que acontece noutros eventos "audio" em que além das salas onde o som é de grande qualidade, há sempre um número razoavelmente elevado de salas onde o som é apenas mediano, ou mesmo "menos bom". Refere-se também o facto de haver boa disposição geral, e de se passar o dia todo a ouvir música com prazer, sem cansaço... Eu, lendo e ouvindo declarações deste tipo, dou logo por mim a pensar: "Mas claro... o que todas estas salas tinham em comum? A fonte analógica!". Quem pensar que isto não tem uma importância decisiva, e os resultados que descrevi em cima, está muito enganado. A utilização "geral" de fontes analógicas, gira-discos a tocar discos de Vinil, não só livrou todo o evento da sonoridade digital que está sempre associada à leitura de CD's (a sensação de compressão com estridência típica na gama média, perda de informação sonora e consequente endurecimento do som, decays e reverberação artificiais ou mesmo estranhos, agressividade geral e carácter mais intrusivo das nuances sonoras), como ainda contribuiu decisivamente para um aumento brutal da qualidade de som das MASTERIZAÇÕES utilizadas, porque usando como fonte o Vinil as possibilidades da masterização ser de boa ou muito boa qualidade aumentam radicalmente, e na maior parte dos casos tocavam edições cuidadas ou edições "do tempo" em que não havia "masters" digitais. Como os expositores estavam restringidos ao Vinil como fonte, não puderam usar e abusar de CD's mal produzidos, cheios de compressão e redução de ruído digital (altamente destructiva) que infelizmente é prática relativamente comum nos eventos a que tenho assistido nos últimos anos. O resultado desta dieta analógica foi um som geral de maior qualidade, que agradou muito mais e durante muito mais tempo (sem fadiga auditiva).

O som estava melhor do que aquilo a que estamos habituados, em geral tocou mais música, não haja dúvidas. Eu também tenho essa opinião. É importante frizar que isso acontece porque as fontes analógicas eliminaram os efeitos secundários do "digital", e talvez mais relevante ainda, permitiram o acesso generalizado a masterizações de muito melhor qualidade do que aquilo a que tipicamente somos submetidos. A ideia do "source first" nunca fez tanto sentido, e a verdadeira fonte original não é o "tocador"... é o conteúdo! Não existe upgrade maior do que o upgrade ao som dos conteúdos, através de uma aprendizagem e escolha criteriosa. Mas mais sobre isto noutro post a publicar futuramente...

Seria o espaço do Still Vinyl 2009 especialmente indicado para eventos audio, e muito melhor do que os outros? Não... As empresas que montaram as salas de audição, afinando equipamentos e seleccionando os conteúdos, mudaram relativamente a outros eventos? Não... Terão aprendido recentemente novas técnicas muito mais eficazes para tornar o som melhor e dar aos visitantes uma sensação geral de bem estar e prazer musical? Não... O que mudou foi a generalização do Vinil como fonte. Isso fez toda a diferença! E mesmo com todos os defeitos do Vinil, que os tem claro, não é perfeito, não vi grande consternação com o aparecimento de uma ou outra "pipoca" ou "batata frita" no som de alguns discos... nem ouvi de ninguém comentários de "wow & flutter" ou "inner groove distortion"... ou qualquer outro "problematic behavior" do vinil. parece que andavam todos mais ocupados a ouvir música. E esta hein?


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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O som da "gravação"... afinal falamos de quê?

É muito comum, nos meios relacionados com o audio ou com a música, quando comentamos a qualidade de som e nos queremos referir ao conteúdo do disco (em vez do coitado do sistema), usarmos o termo "gravação" de uma forma demasiado generalista, associando-o erradamente a vários tipos de fenómenos sonoros, o que por vezes pode induzir equívocos nas conversas, porque o assunto é bastante mais complexo e, especialmente, porque a gravação propriamente dita sendo um dos factores que determinam o resultado sonoro final, provavelmente perdeu grande parte do seu peso no longo percurso da Produção Audio a que a maior parte dos discos são submetidos. Na verdade, com as habituais excepções, a gravação até costuma apresentar poucos problemas, sendo que estes aparecem com uma muito maior frequência noutras fases da produção. Não faz sentido falar de "gravação" quando de facto, e na esmagadora maioria das ocasiões, nos devíamos estar a referir à Masterização.

CAPTAÇÃO / GRAVAÇÃO - EDIÇÃO / MISTURA - MASTERIZAÇÃO

Tipicamente podemos falar de uma fase de Captação e Gravação, quando o som produzido em estúdio ou ao vivo é captado por um ou vários microfones, e registado "em bruto" num suporte normalmente separado em pistas, ao que se segue uma fase de Edição e Mistura das várias pistas gravadas (instrumentos, vozes, ou outros sons) numa unidade coerente, com posicionamento correcto nos canais disponíveis e de acordo com os objectivos artísticos ou de produção, além da eventual adição de efeitos de reverberação, eco, distorção ou outros, e finalmente a Masterização em que não se trabalham as pistas, mas sim as faixas já misturadas, e a sua finalidade é garantir que o som do "mix" final não se perde na transposição para o "media" (CD, Vinil, SACD, DVDA, BD, etc), mantendo a sonoridade pretendida pela produção ou pelo artista da melhor forma possível, garantindo que não existem disparidades indesejadas no volume entre faixas, que a equalização está adequada, e que a sequência de faixas está correcta bem como o seu espaçamento e "fade-in/fade-out" entre elas, no início e no fim do disco. Normalmente é na fase de Masterização que se aplica a famosa compressão dinâmica que tanto tem prejudicado esta indústria e os seus consumidores, pois é nesta fase que se "adequa" o volume geral do disco ao fim que lhe está destinado.

Por vezes existe alguma sobreposição entre as fases de Mistura e de Masterização, sendo que algumas das tarefas atribuíveis a uma ou a outra podem trocar de posição e depende muito de cada projecto específico e da metodologia adoptada, no entanto a mistura de pistas e sua configuração em termos de disposição no "palco sonoro", a criação de faixas musicais propriamente ditas, é sempre exclusivo de um processo de Mistura, e a transposição do "mix" para o "media" final que servirá de base às cópias vendidas no mercado é sempre exclusivo de um processo de Masterização. Poderiamos pensar que a Masterização não passaria de uma transposição de um formato audio para outro (analógico para digital, por exemplo, ou de "tape" para vinil), mas não é isso que de facto acontece pois durante a Masterização são realizadas operações de manipulação de volume, filtros de ruído, limitadores e compressão, cujo impacto se pode tornar esmagador para o som que o disco (ou outro media) vai ter. A própria manipulação do mix, a sua transposição entre formatos e a sua passagem por consolas e conversores, implica uma situação de compromisso técnico que normalmente resulta em perdas de qualidade, e há muitas formas diferentes de lidar com isso obtendo diferentes resultados. O Mastering Engineer é um artista, por vezes um cientista também, que pode fazer maravilhas, ou aberrações... nas suas mãos está um poder enorme sobre o som que vai chegar ao grande público.

Voltando à importância de usar os termos correctos, quando falamos em gravação, estamos a abordar o tema de uma forma incorrecta, mesmo que apenas na terminologia, porque dá a entender que o resultado sonoro é determinado por uma fase de captação/gravação que, sendo sem dúvida importante, não é normalmente aquela onde se encontram os maiores problemas, mais audíveis e intrusivos, nem é normalmente a mais determinante para o som do "produto" final.

Na verdade, a gravação pode ser complexa, com a escolha dos microfones e a sua quantidade/posicionamento, ou a atribuição de pistas, mas após essa escolha técnica, o som captado e gravado não está ainda danificado, tipicamente nesta fase o som gravado tem muita qualidade, está em "bruto", não sofreu ainda perdas excepto aquelas inerentes aos próprios microfones e outro hardware relacionado com a captação e gravação.


Onde realmente se vão executar as tarefas que podem determinar a qualidade de som de um disco, é nas fases seguintes, de Mistura e Masterização. Nestas fazem-se alterações e ajustes ao som gravado originalmente que podem resultar muito bem, ou muito mal, e mesmo quando o material gravado tem algum raro problema, nesta fase isso pode normalmente ser corrigido com facilidade. Desde a compressão dinâmica, à equalização, ou às técnicas de redução de ruído para eliminar o sopro de fundo normalmente chamado de "tape hiss", entre muitos outros procedimentos relacionados com filtros e efeitos de vários tipos, analógicos ou digitais, as ferramentas ao dispôr do Mastering Engineer são muitas, poderosas, e o sucesso da sua utilização depende principalmente do bom gosto da produção.

Por questões de ordem técnica, e mesmo históricas, a maior parte das operações com impacto sonoro a que normalmente chamamos "qualidade da gravação", estão posicionadas ao nível da última fase, da Masterização propriamente dita, já depois da fase de Mistura. Quando um disco nos soa agressivo, ou amorfo, ou achamos que um certo intrumento ou voz estão mal equalizados, ou que o som está muito alto/baixo, ou que o palco sonoro é profundo ou do tipo "parede de som", estamos na verdade a falar sobre a Masterização, e não sobre qualquer aspecto relacionado com a gravação sonora. São as operações executadas durante as fases de Mistura, e principalmente de Masterização que conferem uma sonoridade e uma dimensão ao material gravado, que antes dessa fase não existem. Se ouvirmos as pistas antes deste trabalho, o resultado será bem diferente daquilo que ouvimos já depois da fase de Mistura. E quando ouvimos, precisamente o mesmo material, depois da Masterização, mais uma vez vamos ouvir algo muito diferente. A evolução sonora entre aquilo a que chamamos de Gravação e o resultado de todo um percurso de Produção Audio é enorme, a gravação original pode quase ser irreconhecível.

Isto explica porque é que, muitas vezes, existem várias misturas e masterizações para a mesma gravação original, não raras vezes com sonoridades muito diferentes apesar de usarem a mesma "matéria prima". Há casos famosos de obras que foram masterizadas dezenas de vezes, cada uma delas com um som diferente, e que circulam pelo mercado ao longo dos anos em dezenas de edições em CD diferentes, mais as edições em vinil e as de SACD/DVDA, compondo "ramalhetes" sónicos por vezes difíceis de perceber e de se chegar a consensos sobre qual a versão que melhor representa as tapes originais ou as intenções do artista/produção... o "tal som" original.

Por tudo isto, já sabe, da próxima ocasião em que queira comentar a qualidade de som do disco que está a ouvir... fale da Masterização (ou eventualmente da Mistura), pois é este o momento da produção do disco que lhe conferiu a sonoridade e o tipo de apresentação sonora, que faz de um disco muito bom, ou muito mau... "or something in between".

(neste post, propositadamente, deixei de fora as problemáticas e complexidades associadas aos processos de conversão analógica/digital que estão associados à masterização audio, tema que será abordado noutra ocasião e num âmbito mais alargado)


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terça-feira, 27 de outubro de 2009

U2 no YouTube - Live From The Rose Bowl


No canal oficial dos U2 no YouTube pode ver-se o "re-broadcast" do concerto integral no Rose Bowl (EUA) decorrido no passado dia 25 de Outubro de 2009. Já dá para enganar a fome até Outubro de 2010, altura em que a banda passará por Portugal para dar, não um, mas dois concertos (e já há quem fale na possibilidade, pouco provável, de um terceiro) que vão decerto ser memoráveis. Vale a pena visitar, aqui: http://www.youtube.com/u2 para ouvir os novos temas e recordar os "velhos" êxitos, em concerto.


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domingo, 25 de outubro de 2009

Uma famosa "Sala do Terror"...



No seguimento da apresentação do meu sistema venho agora apresentar a outra metade do mesmo, porque nenhum sistema de som funciona independentemente do espaço onde se encontra. Aqui está a "Sala do Terror"!

Assim carinhosamente apelidada porque os "modos", ressonâncias e reflexões abundam neste espaço, e foi necessária alguma bricolage (a tratar com mais detalhe noutro post) para melhorar a sua interacção com o resto do sistema audio. Assim, como componente fundamental do sistema, fica desde já apresentada, descrita e com um "relato" das principais alterações a que foi sujeita.

Dimensões gerais:
Largura 562cm / Comprimento 389cm / Altura 268cm
Pormenor da janela:
Largura 187cm / Altura 197cm

  A disposição da sala é mais ou menos esta:



Esta sala apresenta vários problemas, de grande intensidade. Não sei se por causa das dimensões, ou da própria construção interna das paredes chão e tecto... a tendência para ecos e ressonâncias é enorme, e é muito difícil escapar aos modos da sala, parece quase impossível não ter graves enfatizados e embrulhados... e a gama média disparada de e para todas as direcções...

Mas não é impossível transformar uma "sala do terror" num local minimamente adequado para ouvir música... Vou descrever aqui com algum pormenor as várias fases de melhoramentos e alterações que foram feitas. Convém desde já fazer notar que as operações realizadas tiveram por base um complexo e rigoroso sistema de medição e avaliação de resultados sonoros: ouvidos + cérebro



Para resolver uma boa parte dos problemas de gama baixa e média baixa, a solução foi reposicionar as colunas no limite da habitabilidade e do WAF (Wife Acceptance Factor), ou seja, o mais possível afastadas das paredes traseira e laterais. Neste momento tenho as colunas com as seguintes distâncias (medições feitas tendo por ponto de referência o painél frontal das colunas ao nível do woofer):

- Para parede traseira: 95cm
- Para parede lateral mais próxima: 75cm
- Para parede lateral mais distante: 255cm
- Entre as duas colunas: 210cm
- Entre cada coluna para ponto de audição: 280cm

Aqui o principal problema continua a ser a disparidade das distâncias para as duas paredes laterais, mas isto foi o melhor que se conseguiu. A distância para a parede traseira está neste momento bastante grande e permite às colunas respirar livremente... infelizmente o plasma de 43" no meio das colunas não ajuda nada (e testei isto também), mas por enquanto terá de ficar assim. O ponto de audição pode ser afinado com alguma margem de manobra, para mais perto ou mais longe das colunas (movendo o sofá) e isso tem grande impacto na percepção dos modos da sala, mas cheguei à conclusão de que resulta melhor quase encostando o sofá à parede traseira, deixando apenas uns dois centímetros de intervalo entre eles.



Tipicamente o som melhora com o aumento da distância entre colunas e paredes, mas há limites do que é razoável para o espaço continuar habitável e confortável. Dentro dos limites referidos, fiz vários testes (na verdade vou fazendo, é um processo que não está próximo de terminar) com pequenas variações de posicionamento das colunas (e subwoofer), para progressivamente me aperceber das diferenças e escolher o melhor posicionamento, que resulte melhor em termos de linearidade da resposta de frequência das colunas+sala. Outro factor importante a ter em conta é a orientação das colunas relativamente ao ponto de audição, ou seja se "apontam" duas linhas imaginárias com maior ou menor ângulo de convergência (o chamado "toe-in"), sendo que há sobre isto as mais variadas teorias e tentativas de nos dizerem o que é "mais correcto", mas na verdade o resultado sofre variações que no fim só podem ser avaliadas à luz das preferências de cada um... além do mais, uma regra aplicável às colunas X pode bem não se aplicar às colunas Y. Neste momento, e porque isto também vai sofrendo alterações com o meu estado de espírito, as colunas estão orientadas quase a direito, com um "toe-in" mínimo, quase negligenciável. O chamado "triângulo imaginário" formado pelas duas colunas e ouvinte não só tem um lado mais curto (a distância entre colunas) como o vértice do ouvinte está formado num ponto que lhe fica muito atrás. Com estas colunas, nesta sala, isto resulta numa expansão do "palco sonoro" que cresce para os lados e se torna mais profundo também, mas perde um pouco a definição e detalhe nas altas frequências... o compromisso não é mau, e como vou aprendendo cada vez mais, o audio é um jogo permanente de compromissos.



A colocação do sistema e sua orientação, dentro dos limites de habitabilidade e funcionalidade da sala, foram suficientes para resolver uma enorme fatia dos problemas acústicos mais proeminentes. Bom, foi a colocação, e a escolha de componentes com poucas colorações e distorção... sim, o sistema também participa nesta "festa", e nem tudo é provocado pela sala "per si", muitas vezes os fenómenos acústicos das salas só se notam porque estão a "amplificar" defeitos do próprio sistema. É importante, especialmente numa sala que "amplifica" muito, ter um sistema limpo, com o máximo de linearidade, poucas ou nenhumas colorações, e um mínimo de distorção.



Mas além destes dois processos paralelos... a "bricolage" que realizei teve um contributo importante para um resultado final que considero positivo. Estas alterações focaram-se principalmente no tratamento acústico através de um maior "enchimento" do espaço dentro da sala, colocação de tapetes, cortinados, telas, paredes forradas com estantes, utilização de tubos "bass traps" nos cantos, painéis de absorção nas paredes, e espuma de isolamento acústico em locais estratégicos, "quase invisíveis". Detalhes sobre estas operações em posts que publicarei brevemente.



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sábado, 24 de outubro de 2009

A rodar: Porcupine Tree - Signify (1996 2xLP Edição Original)


Porcupine Tree (PT) é um grupo criado por Steven Wilson com uma sonoridade do tipo ambiental / progressivo (embora tenha passado por vários géneros e estilos ao longo de uma já extensa discografia, como o metal ou o rock psicadélico, é extremamente difícil classificar PT). Hoje ouvi Signify, na sua versão original em vinil e que, sem surpresa, soa muito bem e melhor que as edições em CD. Destas digitais, há uma edição original que tem um som de boa qualidade e que não merece grandes reparos mas que mesmo assim é inferior ao vinil original, e além dessa há uma edição mais recente remasterizada com 2 CD's e que é de fugir, cuidado para não rebentar os ouvidos com a compressão dinâmica que lhe aplicaram! Existe outra edição em vinil, com som remasterizado, mas que nunca tive oportunidade de ouvir. Aqui pode ver e ouvir um pouco do som que esta edição em vinil original pode proporcionar. O som é cheio e dinâmico, com uma gama baixa poderosa mas por vezes pouco detalhada, gama média natural e aqueles agudos com decays correctos que só conheço no vinil, e embora a prensagem não seja perfeita, com algum ruído de fundo, está a um nível muito aceitável e consegue apresentar um detalhe e recorte muito interessantes sem estragar a naturalidade do som.



Este LP original está oficialmente "Out Of Print" e só se encontra no mercado de usados (normalmente no Ebay) e os preços não são baratos... o LP remasterizado que saiu mais recentemente poderá ser uma alternativa válida, mas nunca ouvi não posso recomendar, além de ficar sempre desconfiado com as remasterizações actuais que raramente são boas. Pior ainda, o LP remasterizado é também ele bastante raro, e não os tenho visto à venda em lado nenhum, por isso o risco de uma remasterização inferior associa-se a uma despesa que pode ser igual ou até maior. Mas vale a pena procurar o LP original, a música é excelente, não tem "palha" nenhuma, o trabalho técnico de qualidade vai-se misturando com puro génio e música do melhor nível que satisfaz as emoções e ao mesmo tempo demonstra o virtuosismo sempre presente nos trabalhos de Porcupine Tree.

Detalhes da edição:
Artista: Porcupine Tree / Título: Signify / Editora / Ano: Delerium 1996 / Catálogo: Delec LP 045D
MATRIX A (Deadwax) Disco 1 Lado A:
DELEC LP 045D - A1 The Brainwashed Do Not Know They Are Brainwashed A Porky Prime Cut
Código de barras: 5032966094514 / Outros: Gatefold Sleeve 2xLP 12" 33rpm (Made in England)

Não resisti a colocar mais um video em que toca a minha faixa preferida deste album:


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