quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A rodar: Sigur Rós - In a Frozen Sea (2007 7xLP Reedição)


Sigur Rós, In a Frozen Sea (editado pela Artists In Residence), contém os três primeiros albums desta banda Islandesa ("agaetis byrjun", "()", e "Takk...", não estou a incluir o album original "Von" nem o "Recycle Bin") em duas fatias de vinil cada um (no caso de "Takk..." ocupa ainda um lado de um terceiro LP), e ainda pela primeira vez em 12" o EP "Smáskífa", num total 7 LP's com 14 lados de música.

Eu tenho toda a discografia e material editado da banda (Albums, EP's, Singles e DVD's), em CD e em Vinil... não perdi os seus concertos em Portugal... portanto... gosto de Sigur Rós. Porque gosto muito da música que eles fazem, preocupa-me ouvi-la com a melhor qualidade de som que seja possível. Sendo uma banda contemporânea, não seria de esperar grande qualidade de som (em geral isto anda mesmo mau), mas na verdade, não é bem assim... De uma forma geral, a qualidade de som dos CD's (albums, EP's e singles) é boa, ou acima da média, com duas ou três excepções em que há talvez demasiada compressão dinâmica ou um brilho "airoso" que me parece resultado de uma equalização despropositada. O som do DVD Heima é bastante bom, com uma dinâmica assinalável e equilibrio tonal. Mas para garantir a melhor qualidade em todos os discos, é necessário apostar no vinil (o formato de alta resolução mais antigo mas que ainda hoje oferece uma qualidade de som invejável).



Visto que estamos a falar da caixa que contém os três primeiros albums (não estou a incluir o album original "Von" nem o "Recycle Bin"), importa referir que estes, todos eles excepto "Takk...", foram editados em vinil por três ocasiões diferentes.

A primeira, por ocasião lançamento de cada album no ano respectivo. A segunda nesta edição In a Frozen Sea. E finalmente, a terceira em re-edições de 2008 remasterizadas e produzidas com o sistema DMM (excepto "Takk..." que não foi re-editado nesta fornada de 2008).

Dos albums "agaetis byrjun" e "()" tenho as edições DMM (2008) e da caixa In a Frozen Sea (2007), nunca tive oportunidade de ouvir a edição original de cada um deles. Do album "Takk..." já tive a edição original (entretanto vendida) e tenho a outra versão existente, a da caixa In a Frozen Sea de 2007.

Começo precisamente pelo "Takk...", visto que ouvi todas as versões existentes em Vinil. O vinil original foi limitado a 1000 unidades mundialmente (que hoje em dia dificilmente se encontra por menos de 100 euros) tem uma capa luxuosa com desenhos embossados e um disco extra de 10" com gravuras num dos lados, verdadeiramente espectacular, um "pack" pesado e com alta qualidade de construção e apresentação. Mas... além de conhecidos e famosos problemas de fabrico (vinil muito ruidoso) o som do cut/masterização é verdadeiramente mau, "abafado" por um grosso cobertor sónico que erradicou as frequências mais altas e tornou todo o som numa "amálgama pastelona" quando comparado com a edição da caixa In a Frozen Sea. Soa-me a master digital, de longe... O que não se percebe pois este album foi gravado e misturado de forma 100% analógica, segundo relatos dos próprios membros da banda. Eventualmente usou-se o master digital do CD para fazer este LP... Não vale a pena o dinheiro que custa esta raridade... a não ser por puro coleccionismo.

Os outros dois, "agaetis byrjun" e "()", pelo que consegui apurar debantendo com outros interessados e lendo os relatos de vários ouvintes espalhados pelo mundo, nas suas edições originais, são também afectados pelos problemas de prensagem defeituosa, com vinil de fraca qualidade, muito ruído, "pops"/"cracks"... mas diz-se que a masterização é de boa qualidade. Inclusivamente, esse será o único "agaetis byrjun" que usa a mix tape original pois esta perdeu-se e as edições seguintes usaram um remix (ao que consta rigorosamente igual ao original). O mesmo se aplicando a "()", mas em ambos os casos estas edições originais são também muito raras e caras (provavelmente também sempre acima dos 100 euros), o que não se justifica face à fraca qualidade das prensagens, e quando há como veremos edições mais recentes muito bem masterizadas e eventualmente de melhor prensagem. Não me preocupei em obter estas edições, dispensando o risco de me arrepender como sucedeu com "Takk..." - (Nota de Última Hora 18/04/2010: por acaso dei de caras com uma edição original do album "()" e já pude ouvir para comparar com a edição da caixa In a Frozen Sea e com a recente re-edição DMM. Tal como no caso do "Takk..." o som desta edição original é bastante fraco, também ele abafado e enrolado nas altas frequências, não justifica minimamente pagar o preço a que normalmente se encontram, que é bem alto)

Ainda sobre "agaetis byrjun" e "()", as re-edições DMM de 2008 que se encontram agora à venda nos locais habituais, e que tenho na minha discoteca, são muito más. Salva-se a prensagem de altíssima qualidade, ultra-silenciosa, mas a masterização... é quase garantidamente um cut que usou uma master digital. Mais uma vez, ao que consta, existem masters analógicas destes albums, pelo que não percebo a opção da editora... o resultado é semelhante ao vinil original de "Takk...", som mole, sem ataque, sem detalhe, altas frequências cortadas, uma sensação de som balofo e sem vida... Evitem estas edições DMM, não valem a pena.

Mais uma vez, a luz ao fundo do túnel está na caixa In a Frozen Sea, com masterizações vivas, detalhadas, com uma presença, profundidade e impacto "life like". Neste capítulo, da qualidade da masterização dos albums, a caixa In a Frozen Sea de 2007 é um verdadeiro brinde audiófilo. Sigur Rós nunca soou tão bem, deixa a maior parte dos CD's a léguas em termos de experiência musical e sensorial.

Infelizmente parece que é impossível ter Sigur Rós com boa masterização e boa qualidade de fabrico ao mesmo tempo. O vinil usado na caixa é, mais uma vez, de qualidade questionável, apresentando num ou noutro disco alguma distorção resultante de problemas nos sulcos mal prensados, e por vezes algum ruído de fundo. Com a audição repetida... cheguei à conclusão de que esses defeitos não são suficientes para impedir o ouvinte de mergulhar nesse mar gelado de música cantada numa lingua distante, que não conhecemos, mas que nos toca como se fosse algo que vem de dentro de nós. Na verdade, e no meu caso, em 7 discos apenas 2 apresentam esses problemas, e a espaços... fica muita música livre de qualquer condicionalismo, e com um som gloriosamente real.

In a Frozen Sea (uma edição limitada a 5000 unidades) é altamente recomendado, sem qualquer tipo de reserva! Pode comprar-se em Portugal (Fnac ou CDgo) por cerca de 220 euros, ou lá fora via internet por um pouco menos (já as vi a 160 euros). Para 3 albums e 1 EP, num pack de 7 LP's que traz também um livro com imagens inéditas, numa edição limitada a 5000 unidades, não é um mau preço!

De 1 a 5 estrelas, leva 4 estrelas pela qualidade da masterização e do packaging, só não leva 5 por causa dos defeitos de prensagem.

Outros links de interesse:
http://www.sigur-ros.co.uk/  http://www.soundonsound.com/sos/Jul02/articles/sigurros.asp
http://www.popplagid.com/  http://www.ainr.com/bands/index_Sigur.html
http://www.myspace.com/sigurros  http://www.heimafilm.com/


www.VinylGourmet.com - Discos de Vinil / Edições Audiófilas

2 comentários:

  1. E para que não tem hipótese de ouvir em vinil, como são as versões em CD?

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  2. Boas Carrilho, não tenho tempo para uma análise aprofundada, mas do que me recordo, em geral, os CD's não são de forma alguma "péssimos", abundam casos muitíssimo piores.

    Apesar disso, não são aquilo que eu considero "bom", porque apresentam alguma compressão que a meu ver é sempre desnecessária, o caso pior talvez seja o do "Takk...", mas todos eles a têm em maior ou menor quantidade.

    Quantos CD's foram produzidos nos últimos 10 anos sem compressão dinâmica digital aplicada durante a masterização? Exceptuando as editoras "especializadas" tipo MFSL / DCC e outras desse tipo, pouco ou nada de bom se fez nesse campo.

    Além dos problemas da masterização... sobram aqueles que são inevitáveis e que resultam dos processos de conversão Analógico-Digital (ADC) / Digital-Analógico (DAC)... especialmente quando a informação é "finalizada" nos diminutos 16/44 de resolução do CD, que serão mais ou menos audíveis dependendo da forma como o sistema audio de cada um lida com eles, mas que estarão sempre lá para quem os quiser/puder ouvir.

    Sigur Rós aprecia-se sempre bem, mesmo em CD, as suas masterizações sofreram algum processamento de "geração MP3" mas sem o exagero que muitas vezes se encontra em produções mais "mainstream". Vale a pena ouvir Sigur Rós, mesmo em CD. Mas neste como em tantos outros casos, o Vinil é "the only way to fly".

    Um abraço!
    Sérgio

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