segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ajuda acústica... ainda a "Sala do Terror" e algumas tentativas de a domesticar...




No seguimento dos posts sobre o meu sistema audio (Todos os sistemas audio são únicos...) e sobre a minha sala, como extensão desse mesmo sistema (Uma famosa "Sala do Terror"...), cuja leitura recomendo para melhor se compreender este post que agora escrevo... aqui está, como prometido, uma breve descrição das "ajudas acústicas", pois não lhes chamo tratamentos acústicos, que implementei para tentar domesticar a resposta da sala e a sua forte interacção com o sistema de som, que por vezes se tornava demasiado intrusiva. Para re-ambientar o leitor, aqui fica mais uma vez o gráfico que representa a disposição da sala (mas a leitura dos outros posts que referi é essencial):



A sala não é a culpada de tudo, o "hardware" tem quase sempre muitas culpas no cartório, mas não podemos sequer equacionar a possibilidade de ignorar a sala como um componente essencial e determinante em qualquer sistema, que vai seguramente determinar uma enorme fatia do resultado sonoro final.

Como referi anteriormente, não estamos aqui a falar de um verdadeiro tratamento acústico, que envolve uma rigorosa avaliação da resposta de frequência da sala, através de equipamento de medição adequado, e elaboração de um projecto de correcção acústica que vise alterar essa resposta por forma a torna-la mais próxima do ideal (normalmente, uma resposta plana 20hz-20kHz). Esses projectos normalmente envolvem a re-construção de paredes ou tecto, com materias específicos e de forma a alterar as dimensões da sala para "bater certo" com os modos de ressonância (room modes), ou melhor, para tentar anulá-los retirando-lhes as dimensões físicas que os provocam. Por outro lado, é habitual também aplicar-se materiais de absorção, ou difusão/refracção que, depois desse estudo, são escolhidos com base no seu âmbito de acção nas frequências que interessa alterar.

É certamente possível fazer pequenas alterações bem eficazes tendo como base apenas a nossa audição (um aparelho de medida de altíssima precisão) e conhecimento. No meu caso tentei fazer um correcção acústica que deveria atacar os problemas que, com essa abordagem "simplificada", identifiquei: primeiro a falta de "enchimento" do espaço, porque tinha poucos móveis/estantes, paredes nuas, uma enorme janela, pouquíssimos pontos de absorção..., e em segundo lugar os ecos e reflexões gerados por essas superfícies, já para não falar dos "modos de ressonância" bastante acentuados em certas frequências que a minha sala apresenta (ali por volta dos 50hz, e tabém aos 115hz... etc... que identifiquei usando um disco de avaliação com um "frequency sweep" tone).

Para resolver a maior parte dos problemas de "modos de ressonância" da sala, fiz como descrito nos outros dois posts que referi no início, com bastante sucesso através de uma escolha criteriosa do "hardware" que constitui o sistema de som, e através de um correcto posicionamento das colunas e do ponto de audição. Isto é fundamental e determina à cabeça o sucesso deste processo.

Para o resto, decidi aplicar metodologias simples mas eficazes para ocupar mais espaço e cobrir mais superfícies. Apliquei quadros diversos nas principais paredes, estantes de grandes dimensões... e para afinar utilizei este produto, chamado "Espuma Acústica", tipicamente usado para isolamento e que se compra a baixo preço nas lojas Aki / Leroy Merlin, pode ser bastante útil:


É uma espuma muito densa, compra-se em painéis bastante grandes que podem ser enrolados para facilitar o transporte e cortados à medida para aplicar como desejado. A espessura é cerca de 20mm e tem um efeito bastante eficaz para absorver frequências médias ou até relativamente baixas, permite principalmente cortar ruídos, ecos dentro de "estruturas", ou reflexões directas de superfícies difíceis.Utilizei a espuma para, por exemplo, forrar o espaço livre atrás dos quadros que usei para cobrir duas paredes no canto oposto (ao sistema) da sala, como se vê na foto em baixo (os quadros que cumprem uma função de difusão e refracção das reflexões sonoras naquelas paredes, cumprem assim também alguma absorção, e ficam livres de ressonância interna):


E ainda para preencher o espaço, e dar maior consistência, à parte de trás da enorme tela que coloquei na parede em frente ao sistema, imediatamente atrás do ponto de audição, para "quebrar" as reflexões mais próximas e imediatas, com algum amortecimento e absorção (apesar de pouca), como se pode ver na foto em baixo:


Nas paredes laterais mais próximas, para as tornar mais "invisíveis" acusticamente através da refracção e eliminação de reflexos sonoros, e também para dar arumação aos CD/DVD, montei várias estantes Benno do Ikea, esteticamente simples e baratas, para arrumação de "media", umas ao lado das outras por forma a combrirem a parede completamente. Com a particularidade de ter forrado a zona entre as estantes e as paredes /atrás e dos lados) com a mesma espuma acústica. Para esconder a espuma pode ver-se nas fotos que apliquei umas placas de PVC que tapam esse intervalo e impedem que se espreite lá para dentro:


Já que estava com a "mão na massa", e porque me sobrou um painél de espuma, decidi cortá-lo à medida e colocá-lo atrás do aparador, entre este e a parede de fundo, eliminando mais um intervalo e possível fonte de ruídos parasitas ou ressonâncias. Na foto pode ver-se também um dos 6 tubos de absorção "bass traps" que coloquei na sala, e mais alguns "quadros", neste caso fotos sobre placas em formato esponjoso "K-Line" relativamente grosso para ajudar a esconder aquela parede:


Finalmente, porque surgiu uma oportunidade especial de retoma, optei por adquirir um conjunto de painéis e tubos "bass trap" da marca Jocavi, que encontrei através da Transom, para ajudar a corrigir alguns aspectos da acústica da sala, mas de uma forma mais visível, ou seja, teriam de ser peças estéticamente integradas com a sala. Estes tubos, seis ao todo, que absorvem frequências "médias-baixas", foram colocados um em cada canto da sala, e mais dois sensivelmente ao meio (um atrás de uma coluna, outro ao lado do sofá, ver diagrama). Acabaram por tornar-se também úteis como suportes, de colunas de surround e de velas. Os painéis (também 6 ao todo) foram usados para tentar minimizar os efeitos da parede atrás do sistema de som, que normalmente contribui para "enevoar" o palco sonoro, o detalhe e a resolução, de uma forma que fosse estéticamente aceitável. Dispus os painéis em simetria, por forma a fazerem parte do design do móvel (quando vistos de frente, ver noutras fotos dos outros posts) e a cobrir as zonas mais sensíveis:


E assim está feito o relato desta "aventura". Muitos notaram que não optei por corrigir o problema da janela (que é bastante grande e próxima do sistema e ponto de audição), mas essa foi uma escolha puramente estética, aqui em casa não gostamos de cortinados e não havia outras opções disponíveis. Felizmente essa escolha tem-se revelado ajustada, porque de facto oa janela não tem causado problemas, e os benefícios destas alterações foram enormes, nota-se um óbvio e forte amortecimento nas reflexões e modos de ressonância desta sala, o que conjugado com o correcto posicionamento das colunas e equipamentos que oferecem poucos problemas sonoros (distorção, colorações, etc), transformou esta sala num local digno para um sistema de som razoável, e para se ouvir música com prazer sem a obstrução e o incómodo de fenómenos acústicos intrusivos ou destruidores da informação sonora e musical. Consegui-lo com um impacto visual reduzido e que agradou à família, ainda por cima com um custo muito baixo, foi uma vitória que tem dado frutos. Vale a pena!


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2 comentários:

  1. Respostas
    1. hehehehe quem me dera, infelizmente ainda vai cantando. Nunca ouviste isto como era antes... não imaginas :P

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