segunda-feira, 3 de maio de 2010

Produção Audio - Práticas diferentes para CD e Vinil

Aqui podem ver dois bons exemplos recentes (um deles foi editado na semana passada e o outro no fim de 2007) que demonstram de forma eficaz a diferença fundamental que é comum encontrar-se hoje em dia entre a produção audio para CD e para Vinil. Neste caso, dois discos de "Pop/Rock", em que o lançamento das respectivas versões nos dois formatos foi simultânea, mas por motivos que não são claros nem óbvios, as equipas de produção (ou até os artistas) decidiram fazer uma masterização com características muito diferentes nos dois formatos, pelo menos no que diz respeito à Compressão Dinâmica, com resultados sonoros completamente diferentes que provocam duas experiências bem distintas da sua música. As imagens falam por si, e tornam bem óbvias as diferenças de dinâmica que cada uma apresenta entre CD e Vinil:



As duas faixas apresentadas são Flaming Lips com a sua "cover" integral do Dark Side Of The Moon (faixa Money), e Radiohead com o seu último album In Rainbows (faixa Weird Fishes), sendo apresentada primeiro a waveform do CD (aquela "salsicha" azul que enche quase todo o espaço disponível) e por baixo a waveform da mesma faixa na edição em Vinil (no caso de Radiohead apresentado o vinil usado foi a edição duplo LP a 45rpm).

Uma waveform é uma representação gráfica do sinal sonoro que nos mostra a amplitude (volume) no tempo, o que nos permite analisar qual a gama dinâmica da música (a diferença entre sons de baixo volume e sons de alto volume), ou seja aquilo que faz da música aquilo que a música é, e não apenas ruído! Uma waveform de uma faixa musical pop/rock bem produzida e com bom som apresenta-se com múltiplos "picos e vales" que representam, por exemplo, o impacto do som de uma bateria, ou a voz que começa e pára do vocalista, ou uma guitarra e o seu percurso, cuja sonoridade não é sempre igual e de volume constante. Essa mesma faixa, se for comprimida dinamicamente, perde esse formato, cresce toda ela em volume, e a diferença entre os picos de baixo e alto volume desvanecem-se, ficando toda a waveform mais homogénea, sem dinâmica, sem música, tudo soa alto e com a mesma relação entre si, a voz tem o mesmo volume da bateria e da guitarra, todos os elementos da música têm o mesmo destaque e impacto artificial. A isto já não se chama música... chama-se ruído. Ou outro nome feio que não vou usar aqui...

Como se pode ver nas imagens (que correspondem exactamente ao que se ouve), a diferença é enorme, e basicamente pode dizer-se que nos CD's se ouve ruído, enquanto no vinil se ouve música. A informação que se perde nos CD's por causa da Compressão Dinâmica é imensa, e o resultado sonoro é uma dureza e falta de naturalidade (e objectivamente perda de informação) que o nosso cérebro nem sabe bem como interpretar... os sons na natureza, no Mundo, não são assim. Estes dois exemplos foram usados por conveniência (os gráficos estavam disponíveis) mas desengane-se quem pensa que são excepções... nada disso, há muitos casos semelhantes, e isto ajuda a explicar uma grande parte da razão pela qual o vinil está a "crescer" e a ser muito procurado por quem se preocupa com a qualidade de som da sua música.

Estas diferenças não são de formatos, são sim diferenças entre duas abordagens distintas de produção audio, sendo que o mesmo tipo de produção dinâmica e natural que fizeram para o vinil podia ter sido executada de forma igual para os CD's, com benefícios óbvios. Mas não o quiseram fazer, e esse é um dos motivos que está a causar o declínio do CD como formato. Dá que pensar não dá? Especialmente para quem continua a comprar CD's e a ser enganado comprando "gato por lebre". Ainda bem que existe o vinil para, em muitos casos, nos devolver a música!

Para ver e ouvir em http://ViciAudio.blogspot.com


www.VinylGourmet.com - Discos de Vinil / Edições Audiófilas

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