A Orfeu (Movieplay) esteve à espera de uma das maiores crises económicas para relançar 12 discos de José Afonso que vão aparecer nas lojas entre Abril de 2012 e Abril de 2013...
O momento é mau por dois motivos, o primeiro mais óbvio é a falta de dinheiro que vai afectar a maior parte dos portugueses durante esse período e que naturalmente relegará para um plano bastante secundário nas prioridades das pessoas tudo o que tenha a ver com cultura, é difícil imaginar pior momento para lançar um programa de reedições como este, em termos de mercado. Porque não o fizeram nos últimos 10 anos???
E em segundo lugar, porque fazendo coincidir no mesmo período a crise, a contestação social e a reedição da obra do José Afonso, mais uma vez contribuirá para colar a sua imagem e a sua música ao lado político (ou pior, hoje em dia, ao lado sindical), repetindo-se erros do passado que levam ao afastamento de muitas pessoas e à desvalorização da música genial deste ENORME músico (de Portugal e do Mundo).
Finalmente... gostava de ver a Orfeu "crescer" e pensar global... se é para avançar com estas reedições (mesmo que num mau momento), em 2012 impunha-se atacar também o mercado cada vez maior e mais significativo do vinil, por um lado, e dos downloads por outro. Reedições em vinil produzido com qualidade técnica a partir das "masters" originais, daria o destaque merecido nos meios internacionais ávidos por este tipo de conteúdos nesse formato, seria uma estratégia de "marketing" audaz e seguramente eficaz para lançar o Zeca no Mundo! Juntar a isso um programa de downloads, e estava feito o arranque de algo novo no panorama nacional.
Lançar um monte de CD's que só vão ser comprados por meia dúzia de pessoas e que serão olimpicamente ignorados pela maioria por se tratar de "notícias de 1989", é desperdiçar e desrespeitar o potencial DESTA música.
