terça-feira, 20 de outubro de 2009

Loudness War... compressão dinâmica... ou a guerra do xinfrim!


O fenómeno da compressão dinâmica, carinhosamente apelidado de "Loudness War" nos meios internacionais, refere-se à tendência para um volume sonoro cada vez mais alto na produção musical (especialmente quando o "media" é digital pois tecnicamente é mais fácil manipular para aumentar o volume). Na imagem ao lado pode ver-se um cenário típico de práticas de masterização ao longo dos anos, mostrando três "waveforms" da mesma música masterizada em 1983, 1991 e 1999. O aumento de volume e a perda de gama dinâmica é bastante óbvia, no gráfico e especialmente nas audições. Já notou aquela ligeira dor de cabeça e dificuldade em separar sons quando ouve CD's "modernos", até num bom sistema?


Este tem sido um tema muito em voga nos últimos meses, ao que muito ajudou o recente lançamento do album Death Magnetic dos Metallica (uma produção em que a compressão foi levada ao extremo) e este video no Youtube:


Mas para os mais atentos, é um real problema e uma triste realidade dos últimos 10/15 anos. A compressão dinâmica aplicada tipicamente durante a fase de masterização (captação - gravação - mistura - masterização), deixou e vai deixando uma marca de ruído e de desrespeito pela música numa grande fatia de toda a produção musical gravada e distribuída em formatos físicos ou digitais (online), atingindo especialmente o velhinho "CD", mas não deixou de forma alguma escapar formatos mais nobres (mas hoje moribundos) como o Super Audio CD ou o DVD-Audio, e até as mais recentes produções para vinyl que, infelizmente, muitas vezes são produzidas com recurso a "masters" digitais, por vezes com resolução não superior aos fraquinhos 16bit/44kHz da especificação Red Book (CD) já masterizados com a compressão que foi usada no CD correspondente.

Este fenómeno atinge todos os géneros musicais (ao contrário do que difunde alguma "audiofilia") mas, sem dúvida, é mais difícil escapar-lhe nos discos de pop/rock.

A palavra "remaster" está normalmente associada a este fenómeno, pois o mesmo material que foi editado nos anos 80 sem compressão, é agora remasterizado com os novos standards de baixa qualidade e total desprezo pelo som e pela música. Dá-se prioridade a uma masterização que privilegia as audições no carro ou nos aparelhos portáteis como o iPod, onde a resposta dinâmica dos equipamentos é extremamente limitada e por isso existe um aumento de "volume" com a aplicação de compressão dinâmica que dá uma percepção de se ouvir melhor, apesar da perda de qualidade geral.

Deixo aqui alguns links e informação relacionada que não deve passar ao lado dos interessados pela Música e pelo Audio:

Video 1 (Radiohead)
Video 2 (Dire Straits)
Loudness War no Wikipedia
Audio Mastering no Wikipedia
Barry Diament "Declaring an end to the loudness wars"
Turn Me Up
Pleasurize Music Foundation

(compressão do tema "Something" dos Beatles masterizado em CD quatro vezes desde 1983)

Um ViciAudio não pode admitir que o seu sistema e os seus ouvidos sejam atacados desta forma! É preciso acabar com esta tendência, urgentemente, sob pena de pouca música sobrar por baixo de tanta compressão dinâmica, e dos nossos filhos nunca chegarem a conhecer o que é o som natural, real, sem compressão!


www.VinylGourmet.com - Discos de Vinil / Edições Audiófilas

1 comentário:

  1. É bom saber que há um blog em Portugal que é consciente da atual destruição sonora.

    Caso não conheça ficam os seguintes links:

    este é uma base de dados com o dinamic range de albuns
    http://dr.loudness-war.info/

    e este é blog, mais direcionados para as sonoridades pesadas:
    http://www.metal-fi.com/

    continuação de um ótimo trabalho!

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