É importante esclarecer o que pode e deve esperar-se de uma visita a um evento de demonstração de sistemas de audio, e que tipo de avaliação é possível fazer-se, de forma minimamente rigorosa, ao que nos é apresentado. O som que ouvimos (num show, em casa e em qualquer lado) é principalmente afectado pela qualidade da fonte. Não me refiro ao aparelho que reproduz, nem sequer ao suporte físico do conteúdo musical, mas sim à verdadeira fonte: o conjunto "Captação / Gravação / Edição / Mistura / Masterização" (a que chamarei apenas de Masterização daqui para a frente) que foi criado a partir de uma performance musical e que tipicamente utilizamos na forma de um disco, fita, ficheiro, etc...
Há masterizações para todos gostos, com sonoridades muito diferentes... as brilhantes, as amorfas, as equalizadas e as planas, as mais comprimidas dinâmicamente e as menos comprimidas, as que foram feitas com processos 100% analógicos e as que utilizaram etapas digitais, as que usaram redução de ruído de fundo e as que não filtraram quaisquer frequências, as que foram produzidas a partir da Master Tape original e as que usaram cópias de backup... enfim, a lista de variáveis em cada fase do processo é infindável. Uma masterização é como uma impressão digital... não há duas iguais! Dependendo da masterização escolhida o som de um mesmo sistema pode sofrer variações enormes. Posso pegar em 3 ou 4 CD's diferentes de uma obra conhecida, cada um com uma masterização diferente para os mesmos conteúdos, e o sistema onde os reproduzo vai apresentar o som de cada uma dessas masterizações, ou seja o mesmo sistema audio vai ter diferentes prestações e mostrar características sonoras distintas. Não é possível escapar a este "fado"...
Depois, temos os factores importantes (mas secundários à "verdadeira fonte" que é a Masterização) que são também condicionantes do som que ouvimos. O espaço e as suas características acústicas é fundamental, tal como a qualidade técnica dos componentes usados no sistema, as sinergias entre eles e seu posicionamento. Tudo isto altera e molda de forma acentuada a performance de um sistema e a percepção que temos dele, contribuindo e acrescentando à Masterização para um "bolo final" que é o som que ouvimos.
Avaliar sistemas audio demonstrados sem conhecer bem os conteúdos utilizados, a acústica das salas ou as características dos componentes, é uma tarefa muito complicada pois há demasiados factores em jogo. Na verdade o mais correcto seria falarmos de avaliação do som que ouvimos, e não dos sistemas propriamente ditos, pois dificilmente o ouvinte consegue, nessas condições, identificar qual a origem/causa para o que está a ouvir. Assim sendo, e apesar de por vezes eu tentar separar o "trigo do joio" nas minhas audições para tentar ouvir a essência do sistema, as minhas opiniões e descrições devem ser sempre interpretadas à luz desse contexto muito especial, com as limitações próprias de um evento de demonstração de sistemas de audio. Não são veredictos definitivos sobre nada... trata-se apenas do que ouvi, naquele momento, num lugar "estranho" e a partir de fontes quase sempre desconhecidas. Fica feito o "disclaimer" :)
(leia também os comentários da minha autoria que aprofundam esta questão,
clicando aqui!)
Imagens e comentários relativos ao HiFiShow 2010... brevemente...Para ver em http://ViciAudio.blogspot.com