terça-feira, 25 de maio de 2010

Highend Show 2010 - Reportagem ViciAudio por Sérgio Redondo (Parte 3)


HIGHEND SHOW 2010 (Parte 3)

 (o peculiar controlo remoto do Devialet D-Premier em demonstração na sala da Imacústica)

No Highend Show 2010 realizado em Aveiro pela HDMC, foram dois os sistemas que estiveram em competição "séria" pelo título de "Melhor Som do Show". Dois sistemas que pelo seu carácter mais esotérico, ou até pela novidade, pela qualidade de som apresentado e também claro pelos preços dos componentes, merecem perfeitamente o estatuto de "Highend" e estiveram naturalmente em destaque como "cabeças de cartaz" neste evento.

As duas empresas, IMACÚSTICA e ULTIMATE AUDIO, já nos habituaram a este tipo de performance, onde o bom som e o alto custo dos seus sistemas costuma ser uma constante. Desta vez não foi excepção, e embora me pareça que ambas mereciam o mesmo prémio pela audácia e pela dedicação à "causa", a verdade é que me deu um prazer especial "esmiuçar" as diferenças entre os dois sistemas, ali mesmo a jeito e à mão de semear a poucos metros um do outro... em várias ocasiões a tocarem exactamente os mesmos CD's, o que tornou muito mais fácil fazer a comparação entre eles, mesmo levando em conta que estando em salas diferentes há diferentes interacções e o resultado sonoro final é sempre o do sistema de audio e o do ambiente onde está inserido. Claro que isto permite também, de certa forma e dentro dos constrangimentos normais de um evento num Hotel, avaliar qual a abordagem e quais as opções técnicas que cada uma tomou para fazer valer o melhor dos seus equipamentos, integrados nesse ambiente por si escolhido e preparado.

(Imacústica - Magico V3, Metronome Kalista Reference, Devialet D-Premier)


 (Ultimate Audio - TAD Compact Reference One, amplificação Karan, fonte Playback Designs)


Pelas fotos dá para perceber que "os meninos" não estavam para brincadeiras. A Imacústica com as belíssimas colunas Magico V3 que são senhoras de uma performance muito aberta e detalhada como poucas colunas que já ouvi, parecem sempre desaparecer do mapa deixando apenas som que brota dinâmico e claro do nada com bastante facilidade... e para as alimentar foi apresentado pela primeira vez em Portugal o famoso Devialet D-Premier, um amplificador que a marca francesa garante que vai revolucionar o modo como encaramos a amplificação, juntando numa só caixa amplificação "híbrida" Digital e Classe A, bem como um conversor digital (DAC) que recebe o "bitstream data" de um transporte (neste caso um "espacial" Metronome Kalista Reference) ou converte o input analógico "line in" para o domínio digital antes de fazer a amplificação propriamente dita. Este "monstro" da era digital até tem entrada de phono MM/MC para poder disfrutar dos seus LP's... mas como nos outros inputs, é logo convertido para digital à entrada do amplificador, que usa chips DAC Burr Brown 1792. De uma forma geral, no sistema da Imacústica com as Magico e o Devialet, o som caracterizava-se principalmente por um imenso detalhe e transparência, um palco sonoro bem definido e profundo, e o som pareceu-me sempre rápido, e de alta resolução.

(Imacústica - Metronome Kalista Reference CD Transport)

(Imacústica - Amplificador híbrido "Digital / Classe A" Devialet D-Premier)

(Imacústica - As colunas Magico V3 voltam a fazer a magia da transparência)


A Ultimate Audio apostou num sistema bastante diferente, começando pela amplificação portentosa que de digital não tem nada, os fantásticos pré Karan KAS 450 e power KAL Ref. MKII, e umas colunas a que chamamos de monitoras (apenas porque estão em cima de uns suportes) mas cuja dimensão e performance não oferece quaisquer limitações físicas a destacar, as "gordinhas e roliças" TAD Compact Reference One, tudo alimentado por uma fonte digital Playback Designs MPS-5. Portanto, em vez de transporte+DAC, amplificação digital e colunas de chão, a Ultimate apresentou fonte digital integrada, amplificação tradicional (A/B) e colunas de suporte. Não sei qual o valor dos dois sistemas, mas posso garantir uma coisa... são os dois muito caros! O som  na sala da Ultimate respirava energia, força, dinâmica e escala... um pouco à imagem do que já tinha ouvido no Audioshow onde apresentaram as irmãs TAD maiores com amplificação Vitus Audio. Aliás, parece-me que as diferenças entre estas Compact Reference e as Reference "normais" são poucas, apesar de reconhecer que às segundas se pode atribuir um maior poder de demolição de edifícios por implosão. Naturalmente, perante as Compact Reference nunca nos ocorre pensar que são umas colunas monitoras, e a forma visceral com que os Karan lhes pegam é, no mínimo, desarmante.

(Ultimate Audio - Sistema com aspecto menos delicado mas nem por isso menos elegante)

 (Ultimate Audio - A fonte digital e o pré, tudo em suportes e bases da Symposium)

(Ultimate Audio - Karan KAL Ref. MKII com aquele ar de ser capaz de demolir um estádio)


Entre muitas entradas e saídas de ambas as salas, perseguindo a melhor comparação possível, e acertando ocasionalmente numa sequência de músicas iguais nas duas, o que permitiu tirar conclusões muito mais "afinadas", o meu coração e os meus ouvidos acabaram sempre por preferir a performance robusta e arrebatadora das TAD na sala da Ultimate Audio. Enquanto as Magico me conquistavam pela eloquência, na sala da Imacústica, notei por vezes que havia alguma aspereza nas altas frequências, e a gama média mais "fininha", características que se tornavam mais ou menos aparentes dependendo do programa musical, mas que numa abordagem preliminar me parecem resultar do DAC do Devialet... talvez o conversor não esteja à altura dos seus módulos de amplificação (esta pareceu-me sempre suficiente e bastante forte). Pelo contrário, a exuberância e escala das TAD com amplificação Karan conquistaram-me pela força e pela sua apresentação sonora autoritária, presente e cheia, tocando a níveis de volume muito elevados sem provocar a mínima fadiga auditiva, e sempre com a maior compostura... De uma forma geral, o detalhe "extra" do sistema Devialet/Magico nunca superou a força e energia musical do sistema Karan/TAD. Pela segunda vez, fiquei rendido às TAD, são colunas verdadeiramente superlativas.




Parabéns à Ultimate Audio por ter o "Melhor Som do Show", parabéns também à Imacústica por um sistema verdadeiramente esotérico, puro "Highend", com uma performance de alto nível. Parabéns à HDMC por mais uma excelente iniciativa e pelo sucesso da organização do Highend Show 2010. Até à próxima... e muita música!



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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Highend Show 2010 - Reportagem ViciAudio por Sérgio Redondo (Parte 2)


HIGHEND SHOW 2010 (Parte 2)


 (Bowers & Wilkins 802 Diamond, electrónica Classé, e muito bom gosto)

Se eu não conhecesse a qualidade dos equipamentos destas marcas, e a qualidade do anfitrião da sala (Alberto Silva), poderia ter ficado marcado negativamente com a apresentação no Highend 2010. Acho que o Alberto cometeu um erro com a escolha desta sala, teve certamente azar e algum motivo o levou a esta opção que durante o evento se revelou demasiado forte mesmo para esta "artilharia", as novas B&W 802 Diamond alimentadas pelos CT-M600 da Classé com fonte e pré da Delta Series da mesma marca. O som estava "tipado" pela sala nas principais zonas de incidência e a todos os níveis, gamas baixas, médias e altas, acho que não houve praticamente nada que tenha escapado ileso. Mesmo assim... já ouvi muito pior, e em salas melhores, o que diz muito sobre a qualidade deste sistema e sobre a forma como o Alberto Silva soube, com as dificuldades que se apresentaram, contornar algumas e dar destaque aos pontos mais positivos destas novas Diamond que me parecem ser tão boas como bonitas. Deixo aqui os meus desejos de melhor sorte para a próxima.


(Supportview com as belas Canton Chrono e um gira discos Pro-Ject RPM 5.1)

(Supportview - "rack" elegante cheio de caixinhas, entre elas o Cambridge Audio DacMagic)

A Supportview apostou, como outros fizeram, em demonstrar um sistema mais "terreno", sendo que o preço das peças em demonstração era, em média, de valor acessível ou pelo menos dentro do normal. Neste caso isso também foi feito com muita felicidade, resultando num sistema respeitável em termos sonoros (e até na parte estética), muito equilibrado, dinâmico e musical. Os pequenos amplificadores Classe D, com o leitor de CD a fazer de transporte para o excelente DACMagic (especialmente com o filtro digital "Minimum Phase" seleccionado), deram às Canton muito com que se entreter, a elas e aos ouvintes. Também lá estava o sistema iPod a ser utilizado como fonte com módulo de controlo remoto e com desempenho surpreendente. Boa aposta, e muita simpatia por parte dos anfitriões da Supportview que prestaram muita e boa informação sobre o sistema em demonstração.



(Zenaudio com Xavian Mia, Lyngdorf SDAi, Blacknote SACD300 e RBT Uno)

(Zenaudio - Rui Borges Turntables UNO)

Contrariando uma tendência dos últimos eventos... na sala da Zenaudio não se fizeram opções de colocação do sistema desadequadas, nem se digitalizou o "input" analógico do gira-discos... e ainda bem, porque pelo que ouvi o RBT Uno deu "quinze a zero" ao SACD da Blacknote. Se calhar se o SACD estivesse lá a tocar sozinho, não seria tão aparente a diferença, mas quando se alternava entre um e outro, não deixou qualquer margem para dúvidas quanto à superioridade do desempenho do sistema quando alimentado pelas espiras do vinil. De uma forma geral, e também rompendo com uma certa "tradição", gostei do som deste sistema, e fiquei especialmente surpreendido com as pequenas colunas Xavian Mia, as primeiras da marca que conseguiram deixar-me bem impressionado, especialmente com a transparência, frontalidade e correcção tonal da gama média. Uma opção a ter em conta no mercado das "mini-monitoras", onde por exemplo as Bowers & Wilkins CM1 são umas das principais concorrentes ao trono... pelo que conheço delas, creio que numa comparação directa as CM1 seriam superiores às Mia no que diz respeito à presença e envolvimento da gama baixa, com graves mais profundos e de maior "ataque", bem como nas gamas altas com os seus "tweeters" metálicos a superiorizarem-se no detalhe e liquidez, mas já na gama média e na escala sonora penso que as Mia (que são também um pouco mais caras) seriam superiores. Parabéns ao Miguel Pais da Zenaudio pelo som que estava agradável e por um sistema que me pareceu melhor conseguido do que habitualmente.
 
 
 
 (Topaudio com Focal Utopia III Diablo - Chord Blu + DAC64 - Hovland)

Continua o meu azar com as Focal de gama alta... já que com as gamas médias (como a Chorus) tenho ouvido muita qualidade e envolvimento musical. No entanto, quando chega às Utopia, ou neste caso as Diablo... a coisa começa a descambar para o som estéril e sem alma. Não percebo porquê, sinceramente... algo se passa, e vontade de gostar delas não me falta, são lindíssimas, e tecnicamente cheias de bons argumentos! Bom, desta vez além do som pouco "recheado", foi também agressivo e demasiado brilhante, talvez culpa dos CD's usados para demonstração que poderiam estar pessimamente mal masterizados (nada que cause admiração infelizmente)... ou seria daquela amplificação Hovland mal casada com as Diablo? Não sei... Aguentei duas ou três músicas... mas tive de sair com a tristeza de ter de atribuir a um sistema tão belo o título de "Pior Som do Show".

Brevemente, a Parte 3 da reportagem ViciAudio... o melhor, claro, ficou para o fim!


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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Highend Show 2010 - Reportagem ViciAudio por Sérgio Redondo (Parte 1)


HIGHEND SHOW 2010 (Parte 1)



Já terminou mais uma edição do Highend Show, que talvez se pudesse chamar também High-Beginning Show já que no evento podíamos ver e ouvir sistemas bastante diversos, tanto para começar com o pé direito como sistemas para acabar em beleza, tal era a disparidade de preços, dimensões e abordagens técnicas apresentadas. Afinal, tantas vezes a relação entre o primeiro passo e o destino final "audiófilo" é de importância fundamental, que esta presença mista em termos de "budget" e "target" acaba por ter um significado especial, quase profético.

Em Aveiro, a beleza da cidade e a riqueza gastronómica, bem como o clima fabuloso que por lá encontrei, não convidavam a permanecer dentro de um hotel, e isso provavelmente explica porque é que não fiz uma audção mais prolongada em várias salas, chegando mesmo a esquecer-me de ouvir uma delas e a esquecer-me de fotografar outra... enfim, valores mais altos se levantaram, e verdade seja dita passei por lá um fim-de-semana muito agradável.

Vamos então ao Highend Show 2010, começando por uma palavra sobre o estatuto do evento. Não é propriamente inédito pois até costuma acontecer algo semelhante noutras ocasiões, mas eu pessoalmente gostava de ver no Highend Show uma maior afinação relativamente ao âmbito do mesmo, em termos dos sistemas apresentados corresponderem a um espírito verdadeiramente highend (e quando se fala de highend fala-se de equipamento esotérico e muito caro, já se sabe) que permita diferenciar no mercado as várias propostas que chegam aos apreciadores deste Mundo Audio. Isto não aconteceu, e nesta edição pudemos ver e ouvir em paralelo sistemas de categorias comerciais radicalmente diferentes entre si, o que não deixou de ser interessante como referi no primeiro parágrafo, mas que em última análise poderá não ser a melhor estratégia (de longo prazo) para o evento e suas edições futuras. Seja como for, considero que esta edição foi um sucesso, especialmente no aspecto técnico, com salas de excelente qualidade acústica, bons sistemas e bem apresentados com qualidade de som geral muito boa.



(Ajasom - Sala grande e bem arrumada, aspecto impecável, colunas Vandersteen)



(Ajasom - Panóplia de processadores, "clocks", transportes e conversores digitais da DCS)



(Ajasom - Amplificação e pré-amplificação a cargo de electrónicas Ayre)



(Ajasom - Wilson Benesch e Lyra Delos e Nagra VPS na fonte analógica)

Na sala da Ajasom ouvi o que chamo de "som inteligente", ou seja um tipo de som que não arrisca mas que não estraga. Alto nível de resolução e conforto auditivo, mas sem a dinâmica e envolvimento que ouvi noutros sistemas no evento. Não é nada de surpreendente, a Ajasom costuma apostar neste género de sonoridade muito contida mas segura, que se destaca por não cometer erros nem revelar aberrações sónicas que borrem a pintura. Este desempenho seguro é bastante agradável, mas não permite desfrutar do que é realmente um som highend, com dinâmica e presença capazes de nos abanar as entranhas pelo realismo da performance de uma bateria ou de uma guitarra, ou de nos fazer arrepiar pela voz de um intérprete que partilha connosco a nossa sala de estar. Um sistema de alto desempenho não pode ser tão contido. Assim sendo, gostei de ouvir as Vandersteen Quatro, com o seu palco sonoro de grandes dimensões e a gama baixa aberta e informativa (apesar de pouco contundente) e que me pareceram bem integradas com uma apresentação muito coerente, mas não me deixei seduzir completamente porque faltou o factor "arrebatador" que diferencia um sistema bom de um sistema excepcional.




(Ultimate Audio - Vista geral com AMR, Karan e Ascendo)

Na sala da Ultimate Audio a música era outra. Som dinâmico que prende a atenção do ouvinte, conseguindo num espaço muito pequeno criar um palco realista, profundo e com boa separação de sons. Mais um belo desempenho do leitor de CD's AMR CD77 e com a amplificação Karan Acoustics (desta vez um integrado) a demonstrar novamente a sua categoria com poder e resolução em abundância. As colunas Ascendo C7 são muito bonitas ao vivo e apresentam um som rápido, detalhado, que me pareceu muito correcto e ao mesmo tempo muito envolvente, gostei bastante deste sistema e de estar por lá à conversa.


(Viasónica - Electrónica Jeff Rowland, fonte DCS e colunas Sonus Faber)

Fui à sala da Viasonica já muito "a correr" sem tempo para ouvir com atenção. Estive por lá poucos minutos, ouvi uma parte de música clássica e ópera, e gostei bastante, mas que considero insuficiente para avaliar correctamente o sistema na sua performance global no evento. Equipamentos lindíssimos e apresentação cuidada, também com simpatia por parte dos anfitriões, apesar da minha curta estadia.


DELAUDIO

(Delaudio - sistema composto por Monitor Audio, Esoteric, Thorens e Primare)

A Delaudio foi outra das sacrificadas pela falta de tempo... o tempo que lá estive não me permite avaliar o sistema de forma muito correcta. De uma forma geral pareceu-me estar em linha com outras apresentações da Delaudio com estes mesmos equipamentos. Não é propriamente um sistema "highend", uma performance simpática mas sem grandes destaques.


(Artaudio surpreendente com o pequeno Nufore Icon Amp a dar muita música)



(Artaudio - Amplificador Nuforce em exposição, leitor de CD Nuforce CDP-8 em uso)

A Artaudio foi a minha vítima das "fotos perdidas".... simplesmente esqueci-me de tirar uma foto da vista geral da sala, o que exclui por exemplo as colunas Focal Chorus... Mas a culpa é do Nuforce Icon, que de tão pequeno mas com tão grande som roubou claramente as luzes da ribalta e chamou a si todas as atenções. Por menos de 200 euros, a dar som em grande... não é preciso pensar duas vezes, qualquer pessoa pode ter um sistema capaz em casa. Uma opção corajosa e muito eficaz da Artaudio em levar estes equipamentos.




(A Jocavi esteve presente com os seus painéis acústicos e outros acessórios)
(Também a CDGO marcou presença, muitos discos em vários formatos, destaque para o vinil)

Brevemente... a Parte 2 da reportagem ViciAudio do Highend Show 2010


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quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Audio e a Ciência... água e azeite? Uma abordagem possível...



Nos dias que correm, o Audio na sua vertente audiófila e a ciência nem sempre andam de mãos dadas... chego a pensar que em muitas situações raramente se encontram. Neste caso a Nordost e a Vertex AQ propôem-se conduzir-nos através de uma nova abordagem que se pretende científica, com vista a demonstrar de forma mensurável as diferenças sonoras reais provocadas pela alteração dos cabos (e outros acessórios colocados ao mesmo nível) utilizados num sistema, ou das plataformas usadas para o suportar.

Mas mais do que tentar demonstrar que essas diferenças existem (o que em si chega a ser trivial) os autores (e as marcas que estão por trás da iniciativa, é importante não esquecer) acreditam que podem estar na rota para revolucionar a forma como as medições no ramo do Audio e da "audiofilia" são efectuadas. É velha a questão sobre o que se pode medir, o que se deve medir, o que se consegue medir... e o que realmente interessa. Dizem alguns que o "set" de medições que hoje em dia são aplicados para avaliar o desempenho de componentes e sistemas, escondem muito mais do que revelam sobre a sua performance real a a sua interacção com o ouvinte. Enfim, é uma questão muito complexa, um terreno extremamente pântanoso, que dificilmente será alvo de consensos no mundo audiófilo... nem mesmo na comunidade científica.

(...) the real Eureka moment came at the end of a day – we just didn’t realize it at the time. Sitting around and musing on the day’s events (and resting up a bit – doing these involved demos can be pretty exhausting) we mused on the fact that, as big and as obvious and as musically important as the differences we’d just been demonstrating were, no one had yet managed to measure them successfully – a stunning indictment of the current state of audio measurement, as well as its focus (...)


Esta iniciativa, padeça ou não dos mesmos males de sempre, ou ainda piores, vale o que vale, e sem dúvida justifica uns minutos de leitura e reflexão que nos ajudam a avançar mais uns milímetros nesta caminhada pelo melhor som. Os textos estão em inglês, mas mesmo assim não quis deixar de os divulgar aqui no ViciAudio porque acredito que há um grande salto para ser dado nesta área (a ligação entre o mundo audiófilo e a possível abordagem científica adequada a este fim) que beneficiará todos nós, e temos de ser nós, os "consumidores" a empurrar a indústria na direcção da maior clareza e informação sobre o que realmente se passa dentro das caixinhas e cabos... (clique no link em baixo para descarregar o texto em PDF)

New Approaches To Audio Measurement… Or, some measurements that matter – and why some don’t!

Aproveito para deixar também um link, mais antigo, que fala sobre este mesmo tema e sobre esta iniciativa, no blog da Stereophile:

http://blog.stereophile.com/rmaf2009/breakthrough_approach_to_audio_measurement/

Para ver em http://ViciAudio.blogspot.com


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quarta-feira, 19 de maio de 2010

NoticiAudio: KEF Muon em Lisboa... não é todos os dias!



Já tinham passado por Lisboa, mas eu não as ouvi. Estão de regresso, e desta vez espero conseguir ouvi-las. Aquando da sua passagem por cá, ouvi falar muito bem delas, mesmo por parte daqueles que normalmente não apreciam as colunas KEF em geral. Na minha opinião, colunas deste nível de investimento técnico e financeiro, transcendem as marcas que lhes deram vida, e passam a património do Som e da Música. Projectos deste género são verdadeiras aventuras, e o resultado é por norma arrebatador... Não perca a oportunidade de as ouvir. Eis o "press release" da Videoacústica:

"Depois da apresentação sob a forma de protótipo no AudioShow 2008, as KEF Muon - por muitos consideradas como as melhores colunas de som jamais produzidas - estão de regresso a Lisboa.

Agora sob a sua forma final, a Videoacústica, representante nacional da KEF, conseguiu garantir um par de Muon (de um total produzido de apenas 100 pares para todo o mundo a um preço úinico de 120 mil euros cada par) para comercialização em Portugal.

Numa demonstração exclusiva e única conduzida pelos responsáveis da KEF que se deslocarão a Lisboa para o efeito, as Muon serão amplificadas com equipamento McIntosh.
Nesta demonstração, exclusivamente para música esterofónica, estarão também presentes as KEF Reference 203/2.

Esta demonstração, que estará aberta ao público em geral, será realizada em Lisboa, no Hotel Park Atlantic (ex-Meridien, junto ao Parque Eduardo VII), nos dias 21 (das 17H00 às 22H30) e 22 de Maio (11H00 às 22H00).

Mais informações em http://www.kef.com/gb/loudspeakers/muon/muon"

Para ver em http://ViciAudio.blogspot.com


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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Highend Show 2010 é já no próximo fim-de-semana!



É já neste fim-de-semana! O Highend Show (também no Facebook) com organização da HDMC, vai agora mudar de ares para Aveiro, no hotel Meliã Ria Hotel & Spa, com presença já confirmada por parte dos principais importadores e distribuidores nacionais. Agendado para os dias 15 e 16 de Maio 2010, no Sábado das 15h às 21h, e no Domingo das 15h às 19h, é um evento a não perder para os amantes da música e do audio. Como habitualmente nos eventos organizados pela HDMC, a entrada é gratuita. Quer pretexto melhor para ir passear até Aveiro, descansar no Spa e ouvir o que de melhor se faz no mundo do Audio? Venha daí...

Ajasom   Artaudio   B&W Spain   CDGo   Delaudio   Digimagem   Forumhifi   Imacustica   Jocavi   Powerfocus   Supportview   Topaudio   Ultimate Audio   Viasónica   Videoacustica   Zenaudio



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Teste: Marantz CD-50 Special Edition - A New Kid In Town...



Quando em Abril do ano passado (2009) decidi apostar definitivamente nos formatos analógico (Vinil) como principal fonte de música no meu sistema, para satisfazer as minhas necessidades e desejos musicais, sabendo que daí por diante pouca utilização "séria" faria dos CD's (ou outros formatos digitais), estava convencido de que conseguiria passar esses breves e esporádicos momentos de fruição musical com fonte digital a partir de um aparelho que não é dedicado a esse propósito, neste caso um leitor "universal" Denon DVD-2910.

No seguimento de alguma desilusão com o formato CD, depois de anos a espremer o formato 16/44 numa busca e exploração incessante pelos melhores exemplos da espécie, muitas vezes pagos a peso de ouro devido à sua raridade, cansado com as muitas desilusões, optei por cortar o cordão umbilial com o CD, e não só vendi a maioria dos meus CD's como também me desfiz do meu último leitor de CD dedicado, uma máquina excepcional e que muito me custou encontrar no meio de muita "tralha digital" que fui ouvindo ao longo dos anos, o meu antigo Linn Ikemi.


Bom, posso desde já afirmar que... cometi um erro. Não tanto pelos CD's que vendi (no seu lugar há agora discos de vinil), mas especialmente por me ter desfeito do meu Linn. O problema é muito simples: eu sou um apreciador de música, o meu vício é a música, não os formatos ou o "hardware". Ora, como sabemos, muita música não existe editada em todos os formatos, nisto inclui-se muita música que só consigo encontrar em CD. Mesmo não sendo a prática mais comum cá em casa... não posso evitar ter de ouvir CD's de vez em quando, porque não tenho outra alternativa, quero mesmo ouvir a música, e se o formato não é o que mais gosto não tem qualquer impacto no meu desejo, nem sequer na minha apreciação dessa música (quanto ao som é outra conversa). E assim tem acontecido... sem problemas de maior... até que, ao ouvir um ou outro CD tenho saudades da magia que o Linn fazia, emprestando aos CD's qualidades sónicas pouco habituais que nos permitem ouvir mais e melhor, apreciar mais a música que estamos a ouvir. O meu Denon DVD-2910, como fonte "universal" de DVD, DVDA, SACD e CD, não é propriamente um mau aparelho, antes pelo contrário é bastante competente dentro da sua gama tecnológica e de preço, mas em termos absolutos não entra no campeonato dos leitores de CD dedicados, especialmente os de gama mais alta, sendo as diferenças da qualidade de som reproduzido bastante notórias e audíveis. Tivesse eu mantido o meu Linn Ikemi, não estaria hoje a ter dúvidas existenciais de "upgradit aguda"...

Entra o Marantz CD-50 Special Edition. Depois de muito ler e pesquisar sobre o assunto, e porque não quero voltar a investir demasiado dinheiro nos formatos digitais (afinal fez agora apenas um ano que decidi abandoná-los parcialmente, como fonte principal no meu sistema), optei por fazer uma incursão pouco dispendiosa, mas espero que proveitosa, pelo mundo digital "vintage", nomeadamente através de máquinas que beneficiaram de um certo período de ouro do mundo do Audio Digital em que parecia haver um respeito especial por essa área, como se pode ver neste site dedicado ao material "vintage" de gama alta (cuidado, imagens muito pornográficas, aparelhos belíssimos por vezes completamente nús): The Vintage Knob


Se é verdade que muitas dessas máquinas topo de gama dos anos 80 e início dos anos 90 custam, ainda hoje, valores consideráveis no mercado de usados (falo por exemplo da Série ES da Sony com os seus leitores de CD X777ES, X779ES e X707ES, ou os Marantz CD-85 e CD-94 MKII, o Grunding Fine Arts CD 9009, ou os Philips CD880 e CD960, e ainda os Pioneer Elite PD-91 e PD-93, entre muitos outros), achei que nesta altura nao valia a pena correr riscos, afinal são máquinas com muitos anos de vida e de uso, e para quase todas dificilmente se encontram peças de substiuição, por isso optei por escolher material de gama mais média (ou mesmo média-baixa), mais fácil de encontrar e muito mais barato de adquirir. Mesmo no meio desta baliza de preços (abaixo dos 150 euros no mercado de usados) está a série Marantz CD-40 / CD-50 / CD-60 e CD-80, sendo que não há grandes diferenças entre eles (embora o CD-80 seja normalmente bastante mais caro), e que pelo meio alguns tiveram direito a versão "musculada", chamada Special Edition como no caso do meu, em que alguns componentes internos foram seleccionados por terem maior qualidade e marcas mais "audiófilas".

Comprei o Marantz CD-50 SE pelo eBay inglês, por um preço de 120 Euros (transporte incluído). O aparelho está como novo, praticamente sem sinais de utilização, por dentro e por fora, pois abri a caixa para verificar as entranhas do animal, e está 100% funcional. Lê todo o tipo de CD's e CD-R's sem qualquer tipo de problema, sendo o reconhecimento dos discos e respectiva leitura extremamente rápidos e sem qualquer "glitch", como praticamente só os leitores de CD dedicados conseguem fazer. Trata-se de um aparelho de gama média bastante popular na sua época (apareceu em 1989 e custaria cerca de 350 euros) com um conhecido e robusto transporte Philips CDM4 e o não menos famoso chip de conversão (DAC) Philips TDA1541A (um dos mais respeitados chips multibit) juntamente com o filtro digital SAA7220P/B, e inclui algumas funcionalidades úteis como saída digtial óptica e coaxial, RCA's de output fixo e variável que permite ligar o CD directamente a um amplificador de potência, e ainda uma saída para auscultadores (que utiliza o mesmo circuito de output variável) com muito útil regulação de volume através do controlo remoto, e que trabalha muito bem como pude constatar com os meus excelentes Sennheiser HD600, que normalmente não são fáceis de alimentar.


Pois bem, para quem como eu normalmente só se deixa impressionar por leitores de CD dedicados que custam muito mais do que isto (tipicamente acima dos 1000 euros falando do hardware que se produz actualmente), esta é seguramente uma nova forma de ver as coisas, ou melhor... de as ouvir. Pelo menos é uma forma muito mais barata. E deixou-me muito satisfeito constatar que de facto é possível ter um bom leitor de CD's, diria mesmo um excelente leitor de CD's, por um preço que considero irrisório. Este é um aparelho baseado na "antiga" tecnologia multibit (basicamente há duas tecnologias ADC/DAC principais, a multibit que hoje praticamente não se usa e a bitstream que vingou a partir dos anos 90 principalmente pelo seu custo de produção mais reduzido), e os nossos ouvidos não estão muito habituados a este tipo de performance hoje em dia... infelizmente. Vejamos como tem sido viver com o CD-50 SE, e ouvir CD's (os malditos CD's, não me livro deles) através deste Marantz vintage...

Em primeiro lugar, notei com surpresa que este leitor precisa de aquecer, talvez por causa da idade dos componentes ou do seu design / topologia... nunca tinha notado isto com tanta intensidade noutros aparelhos semelhantes (fontes). Quando se liga o CD-50, durante os primeiros 20 ou 30 minutos noto claramente o som a melhorar e a tornar-se progressivamente mais enérgico e controlado, período depois do qual a performance estabiliza. O som terá talvez menos resolução do que algumas das boas máquinas que já ouvi (todas elas muito mais caras), mas noto uma qualidade "rara" na reprodução de vozes com tonalidade correcta e realismo, címbalos e pratos de bateria com decays bem definidos e temporalmente correctos (estas são as áreas típicamente mais difíceis para qualquer leitor de CD), além de um som em geral seco, sem o brilho e algum "boominess" típicos da maior parte dos leitores de CD modernos e que afectam praticamente todo o espectro de frequências... não se ouvem linhas de baixo embaraçadas e confusas, nem sons mortos e sem conteúdo, ou aquelas gamas altas brilhantes com "sopro" artificial que muitas vezes é acrescentado para simular "arejamento" e espaço. De uma forma geral, o som é bastante contido, correcto, e de uma simplicidade muito ... analógica (sintoma de boa conversão), resultando numa audição muito agradável.


Os bons leitores de CD que se produzem hoje em dia, e que normalmente custam para cima de 1500 euros (como a "nave espacial" aí em cima que parece um aspirador automático), têm um tipo de som que não é muito diferente do som deste Marantz CD-50 SE, mas talvez com um pouco mais de resolução que destaca os detalhes, e um palco sonoro de maiores dimensões, algo que neste Marantz não é especialmente bom (mas não se pode dizer que seja mau). Por outro lado, a coerência e facilidade musical com que o CD-50 SE nos apresenta a som, a essência da performance, não será muito fácil encontrar hoje em dia, mesmo nas máquinas de topo. Não é obviamente um leitor de CD perfeito, arrisco dizer que o meu antigo Linn Ikemi (máquina que tinha um PVP de 3500 euros e um dos melhores leitores de CD que ouvi na minha vida) e outras máquinas desse calibre soam melhor que este Marantz CD-50 SE, mas num confronto directo com qualquer leitor universal hoje à venda até 700 ou 800 euros, duvido que qualquer um deles consiga chegar perto deste tipo de performance... o meu Denon DVD-2910 que era vendido por esse tipo de valores perde claramente o confronto, e dentro do seu género estava entre os melhores.

Para qualquer pessoa que como eu procure alta performance e baixo preço, penso que conseguir tanta qualidade por 120 euros é algo muito próximo de um milagre! Deixo assim a minha mais explícita recomendação e um desafio: explorem o material vintage, há muitas pérolas audiófilas por aí perdidas, com preços convidativos, e muita música para dar. Alguns locais de interesse e mais informação:

http://www.thevintageknob.org/   http://tda1541a.nl/   http://www.lampizator.eu/   http://www.marantzphilips.nl/
http://www.hometheaterhifi.com/the-primers/133-multibit-dacs-vs-1-bit-dacs-defined.html
http://stason.org/TULARC/entertainment/audio/general/10-17-What-are-the-differences-between-multibit-and-Bitstrea.html

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sexta-feira, 7 de maio de 2010

NoticiAudio: Analogue Productions anuncia Verve 45 Series



Depois do sucesso de outras séries como a Fantasy 45 (já esgotada), Blue Note 45 (Série I / Série II)  e Impulse 45 (estas ainda em produção e distribuição), a Analogue Productions anunciou o lançamento de mais uma série dedicada a outra das grandes casas do Jazz, a Verve 45 Series, que nos vai continuar a deliciar com excelente música impecavelmente masterizada a partir das "master tapes" originais para o formato duplo LP de 45 rotações por minuto pela equipa fantástica do Kevin Gray e Steve Hoffman.


O selo de qualidade da editora é garantia de que vamos poder ouvir com a melhor qualidade de som possível grandes clássicos de Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, Stan Getz, Oscar Peterson, entre muitos outros, exactamente como foram gravados, em formato analógico, e com o som mais exacto e próximo ao da fita original. Muitos destes títulos viram a luz do dia recentemente através de outra editora bem conceituada pelos seus métodos de produção e qualidade de som, a Speakers Corner, que no seu catálogo inclui vários destes LP's produzidos para 33rpm. É de esperar que a série da Analogue Productions possa oferecer maior qualidade porque será masterizada para 45rpm, o que permite explorar melhor o potencial do vinil em termos de precisão, detalhe e dinâmica, e também porque nalguns casos será a primeira vez que as "master tapes" vão ser utilizadas.

Eis a lista de títulos anunciada para 2011, que vão sendo lançados a um ritmo de aproximadamente dois LP's por mês começando em Janeiro desse ano:

Ella Fitzgerald & Louis Armstrong - Ella & Louis
Ella Fitzgerald - Like Someone In Love / Ella & Louis Again
Ella Fitzgerald - Let No Man Write My Epitaph / Clap Hands, Here Comes Charlie
Coleman Hawkins - Coleman Hawkins & Confreres / Encounters Ben Webster
Ben Webster - The Soul of Ben Webster
Ben Webster - Ben Webster Meets Oscar Peterson
Sonny Stitt - Blows the Blues
Illinois Jacquet - Swing's The Thing
Billie Holiday - Body & Soul / Songs For Distingue Lovers / All Or Nothing At All
Ben Webster Quintet - Soulville
Duke Ellington & Johnny Hodges - Back To Back / Side By Side
Johnny Hodges - Blues A Plenty
Stan Getz & Charlie Byrd - Jazz Samba
Johnny Hodges With Billy Strayhorn
Oscar Peterson Trio - West Side Story / We Get Requests
Shelly Manne & Bill Evans - Empathy
Stan Getz & Joao Gilberto - Getz & Gilberto
Wynton Kelly Trio - Smokin' At the Half Note

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terça-feira, 4 de maio de 2010

A rodar: a simplicidade contagiante dos The XX ...



A banda inglesa The XX que tem tido grande sucesso com o seu primeiro album homónimo. Sonoridades simples, vozes "calmas" e misteriosas, uma mistura de elementos electrónicos com guitarras... muito interessante, merecem o sucesso e o destaque nos media. Boa música numa prensagem em vinil de boa qualidade e bom som, um artwork de design apelativo, por um preço razoável, que tornam a proposta irrecusável. É simples...

(no video pode ver e ouvir The XX "Islands" a tocar a partir do disco de vinil)

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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Produção Audio - Práticas diferentes para CD e Vinil

Aqui podem ver dois bons exemplos recentes (um deles foi editado na semana passada e o outro no fim de 2007) que demonstram de forma eficaz a diferença fundamental que é comum encontrar-se hoje em dia entre a produção audio para CD e para Vinil. Neste caso, dois discos de "Pop/Rock", em que o lançamento das respectivas versões nos dois formatos foi simultânea, mas por motivos que não são claros nem óbvios, as equipas de produção (ou até os artistas) decidiram fazer uma masterização com características muito diferentes nos dois formatos, pelo menos no que diz respeito à Compressão Dinâmica, com resultados sonoros completamente diferentes que provocam duas experiências bem distintas da sua música. As imagens falam por si, e tornam bem óbvias as diferenças de dinâmica que cada uma apresenta entre CD e Vinil:



As duas faixas apresentadas são Flaming Lips com a sua "cover" integral do Dark Side Of The Moon (faixa Money), e Radiohead com o seu último album In Rainbows (faixa Weird Fishes), sendo apresentada primeiro a waveform do CD (aquela "salsicha" azul que enche quase todo o espaço disponível) e por baixo a waveform da mesma faixa na edição em Vinil (no caso de Radiohead apresentado o vinil usado foi a edição duplo LP a 45rpm).

Uma waveform é uma representação gráfica do sinal sonoro que nos mostra a amplitude (volume) no tempo, o que nos permite analisar qual a gama dinâmica da música (a diferença entre sons de baixo volume e sons de alto volume), ou seja aquilo que faz da música aquilo que a música é, e não apenas ruído! Uma waveform de uma faixa musical pop/rock bem produzida e com bom som apresenta-se com múltiplos "picos e vales" que representam, por exemplo, o impacto do som de uma bateria, ou a voz que começa e pára do vocalista, ou uma guitarra e o seu percurso, cuja sonoridade não é sempre igual e de volume constante. Essa mesma faixa, se for comprimida dinamicamente, perde esse formato, cresce toda ela em volume, e a diferença entre os picos de baixo e alto volume desvanecem-se, ficando toda a waveform mais homogénea, sem dinâmica, sem música, tudo soa alto e com a mesma relação entre si, a voz tem o mesmo volume da bateria e da guitarra, todos os elementos da música têm o mesmo destaque e impacto artificial. A isto já não se chama música... chama-se ruído. Ou outro nome feio que não vou usar aqui...

Como se pode ver nas imagens (que correspondem exactamente ao que se ouve), a diferença é enorme, e basicamente pode dizer-se que nos CD's se ouve ruído, enquanto no vinil se ouve música. A informação que se perde nos CD's por causa da Compressão Dinâmica é imensa, e o resultado sonoro é uma dureza e falta de naturalidade (e objectivamente perda de informação) que o nosso cérebro nem sabe bem como interpretar... os sons na natureza, no Mundo, não são assim. Estes dois exemplos foram usados por conveniência (os gráficos estavam disponíveis) mas desengane-se quem pensa que são excepções... nada disso, há muitos casos semelhantes, e isto ajuda a explicar uma grande parte da razão pela qual o vinil está a "crescer" e a ser muito procurado por quem se preocupa com a qualidade de som da sua música.

Estas diferenças não são de formatos, são sim diferenças entre duas abordagens distintas de produção audio, sendo que o mesmo tipo de produção dinâmica e natural que fizeram para o vinil podia ter sido executada de forma igual para os CD's, com benefícios óbvios. Mas não o quiseram fazer, e esse é um dos motivos que está a causar o declínio do CD como formato. Dá que pensar não dá? Especialmente para quem continua a comprar CD's e a ser enganado comprando "gato por lebre". Ainda bem que existe o vinil para, em muitos casos, nos devolver a música!

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