sábado, 30 de janeiro de 2010

Lavar a música... o meu método para lavar discos de vinil.

Quando falamos com alguém que ainda está traumatizado pelas más experiências do passado com o vinil, é típico falar-se dos problemas com o ruído da reprodução, como o ruído de fundo ou "pops" ocasionais, a que costumamos chamar de "batatas fritas" ou "pipocas" numa analogia às sonoridades por estas emitidas durante a sua confecção ou consumo. Mas só come fritos quem quer... e hoje em dia, "comer" vinil dietético, completamente silencioso, está ao alcance de todos os que procuram o melhor som!


Usufruir deste formato de alta resolução em boas condições exige alguma disciplina, em vários aspectos, sendo que um dos mais importantes é a correcta limpeza e manutenção dos preciosos discos, para garantir que durante a leitura a agulha não será incomodada por sujidade, poeiras ou fragmentos, que provocam ruído de fundo e desgaste na dita, ou qualquer elemento que possa impedir que o contacto da agulha na espira do disco seja o mais eficaz possível por forma a extraír toda a informação que faz do vinil um "media" excepcional pela qualidade de som de "alta definição analógica" que permite reproduzir.

O meu método de lavagem dos discos é relativamente moderado (há quem o faça de forma muito mais exaustiva e usando métodos mais esotéricos), demora algum tempo, talvez entre 10 a 25 minutos por lado (ou seja 20 a 50 minutos por LP) dependendo do estado do disco, mas muito eficaz nos resultados e acaba por compensar o esforço porque permite obter uma reprodução com ruído praticamente inexistente e poupar imenso o desgaste do diamante da agulha. Optei pela abordagem mais consensual, o chamado "wet cleaning" que usa líquido para dissolver e suspender a sujidade, seguido de uma aspiração poderosa para extraír o líquido e a sujidade nele contida. Uso o seguinte material no meu método de lavagem:

- Máquina de lavagem com aspiração Okki Nokki RCM (Record Cleaning Machine)
- Escovas de microfibras Pure Groove da Clearaudio (3 unidades)
- Escova de microfibras da Mobile Fidelity Sound Labs (MFSL)
- Escova de "pêlo" original da Okki Nokki
- Líquido concentrado da Okki Nokki
- Líquido concentrado da L'Art Du Son
- Pistola anti-estática Milty Zerostat
- Água destilada purificada por osmose inversa
- Garrafas de esguicho para aplicar líquidos (usadas em laboratório)

A lavagem que consiste em molhar a superfície com agentes de remoção da sujidade, esfregar a superfície levemente, e aspirar o líquido para remover a sujidade suspensa no próprio líquido, pode descrever-se em 10 passos:


Passo 1 (limpeza superficial) - Remover a estática do disco com a pistola Zerostat (não aparece no video), e soprar a sujidade mais "óbvia" que por vezes vem agarrada pela estática à superfície do disco. É escusado levar esta sujidade para o prato da máquina ou sujar as escovas que se querem limpas para outras fases da lavagem do disco. Colocar o disco no prato e com a escova Okki Nokki limpar novamente a superfície durante duas ou três voltas do prato.

Passo 2 (limpeza preliminar) - Aplicar o líquido da Okki Nokki, espalhando com uma das escovas Clearaudio, neste caso podemos chamar-lhe Clearaudio 1.

Passo 3 - Deixar o líquido actuar durante três minutos. Aspirar com rotação do prato no sentido dos ponteiros do relógio, duas voltas.


Passo 4 (primeira limpeza profunda) - Aplicar líquido da Okki Nokki espalhando com a escova Mobile Fidelity. Deixar actuar durante três minutos, e depois esfregar levemente com a escova enquanto o prato roda três voltas em cada direcção (total 6 voltas).

Passo 5 - Deixar o líquido actuar durante um minuto. Aspirar com rotação do prato no sentido dos ponteiros do relógio, duas voltas.

Passo 6 (segunda limpeza profunda) - Aplicar líquido da L'Art Du Son espalhando com a escova Clearaudio 2. Deixar actuar durante três minutos, e depois esfregar levemente com a escova enquanto o prato roda três voltas em cada direcção (total 6 voltas).

Passo 7 - Deixar o líquido actuar durante um minuto. Aspirar com rotação do prato no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio, duas voltas.


Passo 8 (primeiro enxaguamento) - Aplicar água destilada e espalhar com escova Clearaudio 3. Aspirar com rotação do prato no sentido dos ponteiros do relógio, duas voltas.

Passo 9 (segundo enxaguamento) - Aplicar água destilada e espalhar com escova Clearaudio 3. Aspirar com rotação do prato no sentido dos ponteiros do relógio, duas voltas.

Passo 10 (última aspiração) - Aspirar com rotação do prato no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio, duas voltas.

(usar escovas diferentes para cada fase é importante para preservar as escovas e evitar a contaminação, pelos agentes dos líquidos ou pela sujidade, de umas fases para outras)

E já está! Bom, na verdade... falta repetir o processo para o lado B do disco. Mas não sem antes deixar o lado A secar ao ar durante uns largos minutos (embora todo o líquido visível tenha sido aspirado). Depois, para guardar discos acabados de lavar, deve usar-se uma nova bolsa interior (daquelas anti-estáticas de papel com reforço interior em plástico que não risca o vinil) para não sujar novamente o disco com a sua bolsa original. Bolsa dentro da capa do disco, capa dentro de uma bolsa exterior em plástico transparente, e está pronto para guardar até à próxima audição. Cada disco, novo ou usado, é lavado apenas uma vez, desde que se mantenham os cuidados necessários à preservação do seu estado limpo durante a manipulação ou reprodução do mesmo. No fim deste método todos os discos ficam com este aspecto (é ou não é bonito?):


Os dois líquidos que uso para lavagem dos discos de vinil são vendidos em concentrado e encontram-se em lojas online europeias, ou no Ebay de vários países. O da Okki Nokki custa cerca de 8 euros numa garrafa de 50ml e serve para diluir em 1 litro de água destilada (que costuma chegar para uns 200 discos ou mais). O da L'Art Du Son custa cerca de 35 euros numa garrafa de 100ml e pode diluir-se em 5 litros de água destilada mas eu prefiro não diluir em mais do que 4 litros para a sua acção ser mais eficaz (e 4 litros chega para lavar centenas de discos, nem sei ainda quantos mas seguramente mais de 500). São líquidos diferentes, que atacam diferentes tipos de sujidade e usam metodologias distintas para a separar da superfície do disco, pelo que a sua utilização conjunta se torna muito poderosa.

A máquina da Okki Nokki custa cerca de 390 Euros. É um aparelho sólido e fiável que pode ser usado durante longas sessões de lavagem sem grandes preocupações, e que dura muitos anos sem qualquer tipo de problema ou manutenção. A sua produção é feita na Alemanha, ao que consta pelo mesmo fabricante que produz as máquinas de lavagem da Clearaudio (como a sua clone Clearaudio Smart Matrix). As escovas da Clearaudio, bem como a pistola anti-estática Zerostat da Milty e as escovas da Mobile Fidelity Sound Labs podem comprar-se através do Ebay de Inglaterra ou Alemanha. As garrafas de esguicho (muito úteis para aplicar os líquidos nas doses correctas) compram-se em farmácias ou casas de tatuagens. A água destilada purificada por osmose inversa compro na farmácia, por cerca de 2 euros cada garrafão de 5 litros. Mãos à obra e muita música, lavadinha, sem batatas fritas por causa do colesterol...

Para ver e ouvir em: http://ViciAudio.blogspot.com
(nota: os videos não mostram exactamente os 10 passos do método actual porque quando filmei ainda estava a lavar os discos com uma metodologia ligeiramente diferente, mas mesmo assim muito semelhante, e por isso foram publicados como forma de ilustrar melhor o que é lavar discos de vinil com uma RCM)


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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Perdidos e Achaudios: ... Do Androids Dream of Electric Sheep?

Continuando com as bandas sonoras originais e na mesma temática Homem/Máquina, Blade Runner (1982 Ridley Scott) é provavelmente o filme mais emblemático do género dos últimos 30 anos, explorando de uma forma sensível e de rara beleza os meandros e subtilezas do que é Ser Humano.


Neste caso, a banda sonora excepcional é da autoria de Vangelis, e a sua integração com o filme é perfeita, uma experiência inesquecível. Neste video produzido por um "fan", o tema "Rachel's Song", nem chegou a ser utilizado no filme propriamente dito, mas é uma das faixas que tornam a banda sonora original numa obra de grande qualidade.

A banda sonora do filme tardou a chegar ao mercado mundial sendo editada oficialmente pela primeira vez em CD em 1994, mais tarde re-editada por ocasião do 25º Aniversário do filme em 2007 numa edição de 3 CD's, mais completa e remasterizada. Aparentemente, mas de difícil confirmação, existiu uma única versão oficial em vinil editada no Brasil, além de pelo menos uma edição não-oficial (bootleg) em vinil que apareceu por volta de 2003 em alguns países, que tive a sorte de encontrar e adquirir recentemente para a minha colecção (ainda não tive oportunidade de ouvir para comentar a qualidade de som deste LP).

Cuidado com um CD que se apresenta como Banda Sonora do filme Blade Runner mas que, na verdade, contém uma versão orquestral da música de Vangelis, por vezes difícil de distinguir porque a capa é muito parecida.

Do you like our owl?

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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Perdidos e Achaudios: ... os fantasmas de Kenji Kawai

Kôkaku kidôtai (Ghost In The Shell), tem uma banda sonora fabulosa composta por Kenji Kawai. Uma obra com estatuto de clássico que marcou uma geração de fans de "anime" japonesa.



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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Perdidos e Achaudios: ... no teu tempo tudo era iLiMiTaDo...


Descobri Boards Of Canada (BOC) há pouco mais de 6 meses, e fiquei imediatamente apreciador do género, música electrónica com alma, simples e evocativa de uma certa infância, por vezes experimentalista e minimalista, outras mais "mainstream" como em Dayvan Cowboy que se pode ouvir no video. Vale a pena explorar a sua discografia e flutuar na sua música.... quem sabe se para voltar a algum lugar distante. Sem limites.

http://www.boardsofcanada.com/   http://en.wikipedia.org/wiki/Boards_of_Canada
http://www.myspace.com/abeautifulplace   http://bocpages.org/wiki/About
http://warp.net/records/boards-of-canada   http://www.twoism.org/forum/index.php

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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

NoticiAudio: Já cá está a nova Série 800 da B&W (2010)




Depois de muita espera, muitos rumores e especulação quanto a características técnicas e preços... a Bowers & Wilkins (B&W) lançou a remodelação da sua excelente série 800, aplicando as suas mais recentes tecnologias, como tweeters de Diamante e não só a todos os modelos da série. Ou seja... não sendo um componente exclusivo dos modelos de topo (800/802), já é possível comprar umas colunas "monitoras" 805 com tweeters de Diamante (eu agora vou fazer uma pausa de 5 minutos para babar à vontade com este pensamento), desde que haja vontade de pagar o preço que aparentemente terá praticamente duplicado face ao modelo anterior (agora cerca de $5000 USD), bem como todas as colunas da Série 800 que viram os seus preços aumentados a julgar pelo que é anunciado para o mercado Norte Americano. Agora é só começar a juntar $$$...



Para mais informações e detalhes, recomendo a visita a estes links oficiais:
http://www.bowers-wilkins.co.uk/
http://www.bowers-wilkins.co.uk/display.aspx?infid=4693
http://bwgroup.keycast.com/default.aspx?websiteid=9&infid=4604
http://blog.bowers-wilkins.com/theinsider/?p=368

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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Feira do Disco - Gare do Oriente em Lisboa 06 a 10 de Janeiro 2010



Agora que chamei a vossa atenção... deixo o recado: está a decorrer mais uma edição da Feira do Disco na Gare do Oriente (piso -2), organizada e participada por João Almeida e por Custódio Simão da Jukebox entre outros, aberta desde 06 até 10 de Janeiro de 2010 entre as 11:00 e as 20:00, onde se podem encontrar livros, CD's, DVD's, e muito vinil de boa qualidade como já pude constatar hoje mesmo, especialmente no que diz respeito a música portuguesa, mas também de outros países e de todos os géneros, incluindo muitas raridades. Recomendo uma visita e... boas compras!

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O que me trouxe o Pai Natal - Rega P9



O Natal de 2009 foi um Natal a rimar... a rimar com Rega P9. Como tinha já mencionado num post anterior sobre o meu recentemente adquirido Rega P3, que não durou mais de 6 meses até ser vítima de upgrade, a mudança foi inevitável. O P3 foi o meu primeiro gira-discos, adquirido ainda um pouco "à experiência" para eu confirmar se estaria apto, e determinado, a iniciar esta viagem pelo Mundo do Vinil. Rapidamente cheguei à conclusão de que não valia a pena resistir... e assim sendo fiz upgrade para um gira-discos que me oferece maior qualidade e também maior potencial para upgrade futuro da célula e do pré de phono.


O Rega P9 é o resultado da postura da Rega levada ao limite da precisão e da rigidez, como se fosse um P3 "on steroids", com uma lista de especificações impressionante, a começar pelo inédito e único prato de cerâmica (acabado a corte de diamante) e passando pelo braço RB1000 polido, expoente máximo da tecnologia Rega, e terminando na qualidade de construção e acabamento. Tudo, claro está, com a típica simplicidade e longevidade, "no fuss", "setup and go" a que a Rega já nos habituou. A ideia é ouvir música... não passar a maior parte do tempo em afinações e regulações da máquina.

De uma forma muito resumida, e porque o facto de ter mantido a mesma célula (Goldring 2500) e pré de phono (Heed Questar) que já usava no P3 permite comparação directa, as principais diferenças para o P9 estão, como seria de esperar, no incremento de detalhe, estabilidade do "pitch", maior resolução e profundidade de palco... e também um incremento na resposta das baixas frequências. É de salientar também a menor distorção, nomeadamente fenómenos como "inner groove distortion" que por vezes eram audíveis no P3, mas que no P9 tocando os mesmos discos praticamente não se notam. Outra diferença que imediatamente notei foi a muito maior sensibilidade do P9 ao posicionamento e nivelamento, sendo que a mínima inclinação afecta o seu desempenho de forma muito mais óbvia do que no P3, e a sua reacção às vibrações externas (provenientes do móvel onde está colocado) é também muito mais intrusiva e audível (nomeadamente numa certa perda de separação dos instrumentos, como se a imagem sonora ficásse esborratada)... e por isso optei por aplicar uma plataforma, solução provisória feita por mim, com acabamento algo tosco, mas que por enquanto vai servindo e com um efeito extremamente eficaz na eliminação dessas vibrações. Já agora para os mais curiosos, a plataforma é constituída por, de baixo para cima, 3 spikes Soundcare, uma placa MDF, 8 pés de Sorbothane com durometer 30 colocados de acordo com a distribuição de peso do P9, e uma segunda placa de MDF, pretendendo assim tirar partido de duas abordagens distintas ao controlo de vibrações, uma pelo acoplamento via spikes, outra pela absorção de vibrações pelo Sorbothane (o MDF apenas funciona como base e intermediário bastante neutro sonicamente).


Na sua plataforma improvisada mas eficaz, rigorosamente nivelado e afinado, o P9 toca e tem dado muitas horas de prazer musical. Uma bela prenda de Natal que certamente vai fazer de 2010 um ano de retoma... musical, claro está!

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