Além do já referido Prémio ViciAudio "Melhor Sala do Show" atribuído à Transom, há ainda outras salas que merecem referência pela positiva. Pode dizer-se que de uma forma geral o som teve uma qualidade elevada neste Still Vinyl de 2009 tornando a visita ao evento muito agradável, muito "melómana". Gostaria de destacar, além da Transom, as salas da Ultimate Audio e da Delmax, onde a música me fez dançar mais do que nas outras.
Começo já pela sala da Ultimate Audio, onde o som tinha uma escala bastante realista, uma profundidade e coerência fenomenais (desde que sentados no exacto "sweet spot" das colunas), velocidade, ritmo, detalhe, enfim quase tudo perfeito, embora tenha notado algum "brilho" extra por vezes que, creio, terá sido provocado pela interacção com a sala. Uma escala tão real, tanto pulmão, dinâmica, e aquele realismo sonoro "3D" pode por vezes ser um factor de distracção... se o programa musical não nos tocar a 100% (filtrando o que não é música) não é difícil deixarmo-nos levar pela estética arrojada e imponente de todo aquele hardware, ou até por um certo excesso de detalhe na apresentação sonora que muitas vezes insiste em focar a árvore em vez da floresta. Mas, enfim... isto é o que se chama de procurar defeitos. O sistema precisa de espaço, e é caríssimo... mas toca muito bem, as colunas Ascendo System M-S e aquela amplificação imponente da Karan não deixam ninguém indiferente. O "look" industrial do Kuzma, com aquela dimensão e aparência de solidez absoluta, é impressionante e respira qualidade, e não posso deixar de referir todo aquele arsenal de cabos (cobras) e condicionadores de corrente que se podiam ver atrás do sistema compondo uma cena quase surreal. Em termos absolutos este seria talvez o melhor som do show, mas a logística envolvida e o custo dos equipamentos restringem muitíssimo o público que pode um dia ter tais equipamentos, e isso é um factor de limitação do potencial da sala, em termos de performance no Show.
(Sala da Ultimate Audio com colunas Ascendo, amplificação Karan, gira-discos Kuzma Stabi XL com cabeça Airtight PC-1, cabos Stealth Audio)
Seguimos viagem para a Delmax onde o Sr. Pereira fazia demonstração de umas enormes ProAC Response D80R, devidamente alimentadas por um impressionante conjunto da Audio Research (Reference), tendo como fonte analógica um gira-discos SME Model 30 com braço de 12" SME V e uma cabeça Sumiko Palo Santos. É também aqui que refiro pela primeira vez uma sala onde os cabos de coluna eram da marca Nordost, o que aconteceu em várias salas, e tem sido uma tendência clara na maior parte dos eventos a que tenho assistido nos últimos 3 ou 4 anos.
(Sala da Delmax, colunas ProAC, amplificação Audio Research, fonte SME, cabos Nordost. Bom gosto e boa música que o Sr. Pereira se encarregou de garantir)
O som pode caracterizar-se de uma forma muito simples e directa numa palavra: transparência. Impressionou-me a dinâmica apresentada, poderosa, mesmo visceral em certas ocasiões, e ao mesmo tempo a percepção de uma quase total ausência de colorações por parte das colunas, na sua grandiosidade física a debitarem os sons tal como eles são (por vezes bem agressivos, como na realidade) com um ritmo, integração, e força assinaláveis. A transparência tem um preço... por vezes senti alguma fadiga auditiva, também porque o volume estava quase sempre muito elevado (e ainda bem, mas eu estaria talvez demasiado próximo das colunas), e devo confessar que esta foi a única sala onde tal sucedeu. Acredito que se estivesse um pouco mais recuado, e o volume talvez um bocadinho mais baixo, o som se teria tornado mais agradável, mais "doméstico" e fácil de ouvir durante períodos prolongados. Mas não deixa de ser um elogio técnico que um sistema deste tipo, com fonte analógica e equipamentos a válvulas, tenha manifestado um carácter tão neutro, limpo, e timbricamente desobstruído.
(SME Model 30 + SME V 12 + Sumiko Palo Santos na sala da Delmax)
O SME Model 30 com o belo braço SME V de 12" e a cabeça Sumiko apresentaram um som com um palco enorme e um fundo "negro" onde o som rasgava com a dinâmica acentuada de um realismo contundente, o que surpreende alguns detractores mais empedernidos da qualidade e potencial do vinil. Não me surpreendeu a mim que já tenho ouvido gira-discos SME e posso confirmar este seu carácter "poderoso". O braço de 12" ajuda, muito, a manter a cabeça estável e com o "ataque" correcto na leitura do disco, mesmo na espiras interiores, sem que se notem quaisquer efeitos sónicos indesejáveis. Estou aliás rendido aos méritos das aplicações de braços de 12" pela "segurança" que oferecem. Não são braços tangenciais, mas... se calhar nem é preciso.
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