quarta-feira, 6 de outubro de 2010

U2 360 Tour - Coimbra 2010 ... o rescaldo

De uma forma geral gostei do concerto dos U2 em Coimbra. A noite de Sábado estava bastante agradável, e os rapazes mostraram que ainda têm o que é preciso para entusiasmar multidões. É difícil não vibrar com aquelas músicas que fazem parte do nosso imaginário musical, e o público rapidamente se rendeu aos encantos da guitarra de The Edge e ao poder da voz de Bono. Infelizmente, há criticas a fazer...


O Conceito do palco a 360 graus não é muito feliz, já que o mesmo é colocado numa das extremidades do relvado, ou seja não é rodeado de forma igual por todos os lados, o que acontece é que a esmagadora maioria do público acaba por se situar numa área frontal "tradicional" relativamente ao palco, e os artistas pouco ou nada fazem para os restantes que estão atrás que foram negligenciados durante quase todo o concerto... em termos práticos as movimentações durante o espectáculo são em tudo idênticas ao que poderia ser feito num palco "normal" ao qual fossem adicionadas duas pontes na secção frontal/lateral. Em termos de cenário, vale pela dimensão física, mas falha pela aplicação prática do conceito de base porque os U2 não quiseram, ou não puderam, levar o conceito mais longe.


O som era mau. Não estou obviamente surpreendido com isso... num estádio enorme, com mais de 40.000 pessoas a fazer barulho, há seguramente desafios acústicos e limitações técnicas que não se podem evitar. Mas por vezes fica aquela pergunta no ar.... "Seria mesmo necessário ter o som tão alto? Não havia outra solução?" Enfim, não tenho resposta, mas sei o que ouvi. Durante os primeiros 4 ou 5 temas o som até estáva "menos mau", mas piorou quando alguma alteração foi feita, aparentemente uma subida de volume adicional talvez para compensar a habituação dos ouvidos. Má ideia... o som tornou-se demasiado estridente e confuso.


Para as pessoas menos preocupadas com este assunto perceberem a gravidade deste fenómeno, basta perguntar-lhes o que acharam da música nova (tema desconhecido, do próximo album a ser lançado lá para o fim do ano) que os U2 tocaram a certa altura. Por não ser uma música conhecida de todos nós, o que se passou foi que ninguém conseguiu perceber nada da música, com o som misturado e distorcido, era impossível perceber o que andava a fazer cada instrumento ou o que cantava Bono, sem a preciosa ajuda do nosso cérebro a reconstruir os sons a partir das dicas sonoras para formar uma melodia reconhecível e que faça sentido musicalmente. Pois é exactamente isso que acontece quando os U2 tocam temas famosos como Sunday Bloody Sunday ou Elevation, mesmo que não se consiga ouvir 95% do que estão a tocar, o nosso cérebro (esse fantástico intrumento musical) pega nos sofríveis 5% e faz deles uma música completa numa verdadeira alquimia em tempo real.


Não espanta portanto que a música nova tenha deixado o público praticamente colado ao chão, sem se mexer, a olhar com aquele ar de quem não percebe o que se está a passar, anestesiado... afinal, ninguém gosta de levar com 5 minutos de ruído extremo e sem sentido, certo? Bom... pelos vistos gostam, e durante duas horas foi isso que tiveram. Valha-nos o cérebro e a sua magia... também eu saltei e cantei, e no geral gostei de assistir ao espectáculo, mas a pergunta permanece: O som é mau porque tem de ser?


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